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AS DESIGUALDADES SOCIAIS, ECONÔMICAS E EDUCACIONAIS

AS DESIGUALDADES SOCIAIS, ECONÔMICAS E EDUCACIONAIS

AS DESIGUALDADES SOCIAIS, ECONÔMICAS E EDUCACIONAIS

 

Magno Pires

 

            O Piauí permanece um Estado pobre, com enorme quantidade de miseráveis, pobres, excluídos, analfabetos e semianalfabetos.

            Relativamente à educação, não adiante a propaganda oficial governista e petista sensacionalizar que é uma das melhores do Brasil. Inclusive com a inclusão de todos. Ninguém acredita nessa história. Principalmente quando 600 mil piauienses são analfabetos institucionais. Para ser tão boa, teria que Zerar esse horroroso número.

            Mas, se estiver falando da educação nas escolas privadas, o Piauí, realmente, tem excelente índice educacional, com escolas nos primeiros lugares no ranking brasileiro. Contudo, essas escolas, mais excluem que incluem. Tornam-se referências, porém, também são fontes de contestação dos desfavorecidos; gerando anseios perversos, e criando uma casta de privilegiados agora e no porvir. Além disso, criam uma legião de revoltados porque os alunos das escolas públicas não conseguem concorrer com eles nos eventos para vestibulares nas faculdades. Menos ainda nos concursos públicos.

            Os alunos das escolas públicas, com honrosas e raras exceções, conseguem passar nos vestibulares, porque a competição é desleal e desvantajosa aos alunos oriundos dos equipamentos escolares públicos.

            Eles ainda resistem em bairros pobres, miseráveis, em favelas, sem saneamento regular de água e esgoto; muita muriçoca, ratos, baratas, urubus, insetos de toda ordem e grandeza; luz de péssima qualidade; sem assistência médica de qualidade.

            E o pior: péssima alimentação.

            Como esse ser humano pode concorrer com os filhos de classe média alta e da rica, afortunados residindo em moradias excelentes com todas as condições essências à saúde? Nunca! Ele será sempre um excluído, um páreo, um miserável, um revoltado, indefeso...; e será um operário de baixa qualificação. E instrumento da classe dirigente que o quer sempre nessa condição inferior para ser o sustentáculo de sua riqueza, como suporte de aumento do seu patrimônio, à custa do suor e sangue desses sempre despreparados e mal alimentados trabalhadores brasileiros.

            Os ricos são tão ávidos na manutenção desse quadro, embora os programas públicos sociais de distribuição de renda e de proteção dos mais humildes, que pagam um salário-mínimo e entendem que basta ao trabalhador espoliado. Poucos empreendedores avançam pagando alguma coisa a mais em salário e gratificação.

            Desfavorecidos e em desvantagens em relação às oportunidades oferecidas pelo mercado e na sociedade, os desafortunados seguem com pouco êxito.

            As escolas públicas, notadamente da pré-infância, oferecem um ensino e/ou instrução de pouca qualidade, porque os professores também são ruins, com pouco estudo. Não havendo um compromisso real do Estado e dos professores, menos ainda dos gestores do Estado e do município, na realização de um ensino consistente, formal e de boa qualidade. Justamente porque não priorizam essa qualidade. Nem o ensino.

            Enquanto não houver formalização na prioridade pela qualidade, nem Estado, tampouco município, avançará na concessão de um ensino que assegure aos alunos mais pobres a garantia de que exercerão o poder de competir, concorrer, e fortalecer a vantagem de entrada, com qualidade, nos cursos superiores, com a mesma visibilidade dos filhos dos poderosos ricos.

            Essa forte desigualdade original, constituída no prenúncio de sua formação educacional, com origem no nascimento, prosseguirá como barreira e/ou obstáculo, praticamente intransponível, durante toda sua vida. E com enormes contratempos e retrocessos de toda natureza, inclusive de carácter psicológico.

            Não bastasse essa intensa desigualdade social e educacional no estudo, e brutal desigualdade econômica, provocada pela falta de distribuição de renda, impõe nesse indivíduo pobre feições e caracteres de um ser inferior, revoltado e invejoso devido às desvantagens impostas pela diferença de renda e condições de vida. E este aspecto passará a ser um forte traço de sua personalidade, com reação de conduta imprevisível e violenta, insubordinada, bem como inesperada.

            Passará a ser um homem imprevisível, furtivo, irritadiço, bisonho, sem diálogo, porque o passado não desprega de sua personalidade.

Terá sempre conduta arredia. As violências da infância não são esquecidas. Elas só se consolidam no futuro. O homem conscientemente é incapaz de destruí-las e esquecê-las. Elas colam em nossa vida. A memória não as repele. São guardadas, retidas, no consciente humano.

É nesse cenário de desigualdade extrema educacional e econômica, provocada pelo falta de distribuição de renda, que os pobres lutam e gritam, sem soberba, pela igualdade dos direitos na sociedade. Entretanto, os ricos e poderosos, sempre indiferentes, às agruras dos despossuídos, persistem na defesa de suas gritantes e revoltantes vantagens econômicas e educaionais.

           

 

Magno Pires é membro da Academia Piauiense de Letras, ex-Secretário da Administração do Piauí, ex-consultor jurídico da Companhia Antactica Paulista (Hoje AMBEV) 32 anos. Portal www.magnopires.com.br com 104.900.200 acessos em 8 anos e 10 meses, e-mail: [email protected].