Política

CONSERVADORISMO POLÍTICO-PARTIDÁRIO FAMILIAR OBSTRUI DESENVOLVIMENTO PIAUIENSE

CONSERVADORISMO POLÍTICO-PARTIDÁRIO FAMILIAR OBSTRUI DESENVOLVIMENTO PIAUIENSE

CONSERVADORISMO POLÍTICO-PARTIDÁRIO FAMILIAR OBSTRUI DESENVOLVIMENTO PIAUIENSE

                                                                                                                      Magno Pires

 

A matriz da sustentabilidade econômica piauiense modificou-se substancialmente, com mudança do modelo, saindo de uma economia semi-feudal e escravocrata, baseada na monocultura familiar e na pecuária extensiva, fortemente atrasadas, para um padrão ultra recente com o uso de máquinas e equipamentos tecnologicamente avançados. Esse modernismo no campo, com os grandes agricultores dos cerrados, usando instrumentos modernos e o de que há de mais novo no planeta.

E não só na agricultura, mas também na inovação nas áreas de energias eólica e do vento, melhoria do rebanho bovino, dentre outros setores.

Entretanto, enquanto houve essa extraordinária modernização agrícola, nas energias e no rebanho, para relacionar apenas esses três setores, a matriz política estadual não prenuncia qualquer mudança e/ou modificação. Ou ainda modernização. Inclusive com os seus agentes políticos e/ou líderes atuais, de referências e características hereditárias, com fortíssima interrelação e ligação com o passado. Permanece, portanto, uma matriz política conservadora; embora os avançados instrumentos de desenvolvimento econômico que se instalaram no Sul do Piauí; notadamente na região dos Cerrados.

E nem sequer os gravíssimos problemas fundiários existentes impediram a instalação desses desbravadores n’aquela enorme e inóspita região. Ainda que com esse sério problema quanto à posse e ao domínio imobiliário/fundiário da terra, a infra-estrutura física de estradas e comunicação, bem assim a social,  como educação, saúde e segurança não atendem às mínimas necessidades desenvolvimentistas dos empresários. Mas, mesmo assim, com esse travamento jurídico, a região cresce, com pouco apoio dos organismos institucionais de governo.

E áreas enormes dessa região e seus habitantes padecem de uma pobreza histórica; endêmica, inobstante os grandes investimentos realizados pelo setor privado; com recursos próprios e empréstimos bancários. Especialmente do BNB; independentemente da ação de sucessivos governos estaduais que não constroem esses equipamentos públicos. A Transcerrado é um exemplo.

Enquanto, reafirmo, a economia da região Sul progride, a matriz política do estado retrocede no tempo e/ou estagna e sem perspectiva de alteração profunda porque os seus agentes preferem a permanência desse velho e improdutivo modelo que fortalece aos seus fortes interesses individuais,  conservadores, ortodoxos, patrimoniais, oligárquicos; enfim, sempre familiares e patriarcais, acumulando e concentrando renda e lançando milhares de piauienses, anos após anos, à pobreza e à miséria extrema. Como nas áreas no entôrno dos Parques Ecológicos Serra das Confusões e Serra da Capivara.

A sorte de alguns piauienses e do próprio Piauí é a descoberta por brasileiros do Sul, Sudeste e Centro-oeste e de alguns nordestinos terem plantado, fincado, os seus investimentos no Sul. Inclusive, muitos desses desbravadores/investidores foram recepcionados com muita indiferença, intimidação e protestos de piauienses, que ainda hoje não aceitam e/ou nem sequer toleram o êxito desses irmãos que trabalham, produzem e criam emprego, renda e riqueza. E exportam os seus produtos, especialmente soja, algodão, milho e arroz, para diversos países da Europa, Ásia e Estados Unidos.

Embora, alguns desses investidores também adotem um certo distanciamento e/ou preconceito contra os próprios piauienses.

O atraso político do Estado é muito grande. É irremovível e imutável, que os seus agentes conseguem escolher o candidato a governador, porém, a curto prazo a vice governadoria torna-se uma solução maior e mais relevante de que o cargo de Chefe do Poder Executivo. Essa falta de escolha e/ou escolha absoluta reflete o histórico modelo conservador que sempre ditara as normas não escritas da política no Estado, com vigência próxima de um século.

Esse modelo peculiar, que reforça e consolida todo o seu passado, sem perspectiva de renovação, ainda permanecerá por muito tempo. E mesmo que sua liderança político-partidária central se altere por longo tempo, com a preponderância do PT e de outros partidos da suposta esquerda e da liderança com Wellington Dias, nada será construído de importante, de relevante.

As alianças que são realizadas acomodam políticos do mesmo perfil dos já existentes sob o guarda-chuva político do Governador. São os políticos de Oeiras, com o deputado federal Assis Carvalho; de São Raimundo Nonato, com a Vice-Governadora Margarete Coelho; de Bom Jesus, com o deputado Fábio Novo; de Corrente, com o  dep. Estadual João Madson; E as substituições de lideranças que transferem  o poder político e/ou o mandato do avô e do pai para os netos, os bisnetos e os filhos, pontificam os obstáculos a qualquer ação renovadora de política do Piauí.

E esses mesmos políticos que recepcionam esse apoio político na conquista de mandatos majoritários e proporcionais, embora da suposta esquerda, criticam a oligarquia dos Pires Ferreira e Lages, por sua preponderância, por vários anos, no Estado.

E o período desse poder extraordinário dos Pires Ferreira e Lages coincide com o modelo ultra conservador da política nacional, da matriz econômica e da gestão do Brasil. Especialmente com o populismo de Getúlio Vargas e de JK.

Inclusive no período da ditadura do presidente Getúlio Vargas (1937-1945); aliado no poder dos grandes proprietários rurais, os denominados “Coronéis”, que exerciam a política partidária a partir de suas fazendas e de um patrimonialismo estatal arrasador. Esse perfil é abrangente em todo o Estado.

A ação conservadora da política-partidária familiar, além de ter amplitude estadual, finca a sua predominância e poder também em órgãos institucionais do Estado como o TCE, TJ, Assembleia Legislativa, Eletrobrás (Cepisa), DNOCS, Denit, FUNASA, Conab, CODEVASF, Universidades Federal e Estadual, para citar apenas esses. Cujos indicados para determinados Cargos de Direção e Assessoramento Superiores mantém forte interrelacionamento com a base político-partidária ou o núcleo central, este garantindo ou assegurando o poder eternamente. Impedindo, consequentemente, qualquer mudança factual na política. Justamente o que não pretendem os agentes políticos da suposta esquerda, da direta e do centro. Porque a coloração ideológica e filosófica ainda está por surgir no Piauí. Embora membros tradicionais de núcleos familiares dirijam partidos políticos  de esquerda e seus filhos inscrevem-se como filiados do PT e pousem de esquerdistas na sociedade.

 

 

Magno Pires é membro da Academia Piauiense de Letras, ex-Secretário da Administração do Piauí, Advogado da União (aposentado), ex-consultor jurídico da Companhia Antactica Paulista (Hoje AMBEV) 32 anos. Portal www.magnopires.com.br com 104.250.118            acessos em 8 anos e 8 meses, e-mail: [email protected].