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CONTRASTES: SERRA DAS CONFUSÕES E O VALE DO GURGUEIA – (I)

CONTRASTES: SERRA DAS CONFUSÕES E O VALE DO GURGUEIA – (I)

CONTRASTES: SERRA DAS CONFUSÕES E O VALE DO GURGUEIA – (I)

 

Magno Pires

 

            A Serra das Confusões é rica em história, formações rochosas, em montanhas de pedras e/ou formações geológicas seculares esculpidas pela ação dos ventos, das chuvas, embora pouca no Semiárido e de sol causticante onde viveram provavelmente os nossos mais antigos ancestrais – os aborígenas e/ou indígenas; ou o homem americano.

            Da serra das Confusões, localizada em Caracol, distante 105 km da Serra da Capivara, em Coronel José Dias, município do entorno de São Raimundo Nonato, onde está sediado o Museu do Homem Americano que conta toda a pré-história dessa espécie humana e o registro de suas pegadas e da sua cultura; e, certamente, onde também, os primitivos seres humanos desse gênero, teriam surgidos e habitados.  A sua origem estaria fincada nesses territórios, conforme estudos científicos realizados.

            Consequentemente, as Serras das Confusões e da Capivara, ambas no Semiárido, foram os espaços físicos, pela sua proximidade, abrangência, contiguidade, características geológicas semelhantes, inclusive quanto à fauna e à flora, onde esses seres humanos movimentaram-se, alimentaram-se da caça, viveram e habitaram por milhares de ano, legando-nos a sua herança histórico-cultural.

            Ou essas serras são o resultado de um processo de transformação e respectiva acomodação da terra às erupções vulcânicas das placas teutônicas planetárias ao longo de milhares de ano; Ou, ainda também, um processo evolutivo do mar que foi transformado em terra.

            As hipóteses e explicações para o fenômeno geológico da construção histórica dessas Serras são diversas; e ainda levarão dezenas de milhares de ano de estudo em pesquisa para haver uma conclusão pacífica científica sobre sua origem.

            E no Vale do Gurgueia, distante da Serra das Confusões cerca de 100 km, poços artesianos jorram abundantemente água há 50 anos; descobertos, quando empresas petrolíferas prospectavam a possível existência de gás e petróleo; é uma região muito rica em água e terras propícias à agricultura e à pecuária; esses poços jorram diariamente milhares de litros d’água por segundo, mas podem exauri; ainda que sem qualquer previsão de que quando isso poderá ocorrer. Água desperdiçada.

            Enquanto o espaço físico material da Serra das Confusões e todo o seu entorno se caracterizam por fortes e seculares dramas sociais e econômicos, com pobreza absoluta, de seus habitantes, morando em habitações precárias, sem energia e sem água potável; sem escola e sem estradas; sem comunicação e assistência médica e odontológica.

            Aliás, sem nada em dignidade e cidadania; ausentes a ação e proteção do estado àqueles piauienses; mas sempre alegres tanto o esposo quanto a esposa, ainda com esperança, pelo sentimento religioso, embora vivendo em absoluta miséria social e econômica –  reafirme-se. Com os filhos, coitadinhos, sujos e nus, subnutridos, analfabetos e/ou sem instrução, com alimentação composta de feijão e arroz, cozidos apenas na água, porém, residentes e resistentes em mais um Parque Ecológico Florestal, sem preservação e manutenção. Onde, incoerentemente, a maior preocupação do Estado é com os animais silvestres que habitam o Parque. Contudo, indiferente à ação do Estado à melhoria das condições de vida miserável em que vivem aqueles seres humanos; marginalizados, aniquilados e emparedados pelo processo de ocupação da ação do Estado em seu benefício.

           

 

Magno Pires é membro da Academia Piauiense de Letras, ex-Secretário da Administração do Piauí, ex-consultor jurídico empresarial da Companhia Antactica Paulista (Hoje AMBEV) 32 anos. Portal www.magnopires.com.br com 103.750.200 acessos em 8 anos e seis meses, e-mail: [email protected].