Literatura

REIS VELLOSO ATUALIZA OS CLÁSSICOS DA LITERATURA ECONÔMICA

REIS VELLOSO ATUALIZA OS CLÁSSICOS DA LITERATURA ECONÔMICA

REIS VELLOSO ATUALIZA OS CLÁSSICOS DA LITERATURA ECONÔMICA

 

                                                                                                                      Magno Pires

 

Sempre leio os livros e trabalhos do eminente parnaibano Ministro Reis Velloso. E o faço com o intuito de análise profunda e detida. Até com espírito crítico. Mais também com o interesse maior de aprender, aprimorar e aumentar os meus conhecimentos sobre as conjunturas, problemas, oportunidades e soluções na área de desenvolvimento econômico do Brasil. Ainda que minha formação seja jurídica.

Reis Velloso constrói os seus estudos sobre os nossos clássicos do pensamento econômico pelos quais emoldura, fortalece, enaltece e consubstancia os seus estudos e diagnósticos. E nessa área não esquece o inédito sociólogo pernambucano Gilberto Freyre; os brilhantes Celso Furtado, Caio Prado Jr., Raimundo Faoro, João Ubaldo Ribeiro, Euclides da Cunha, Sérgio Buarque de Holanda. E o meu professor na Universitário Federal de Pernambuco, Roberto Cavalcante de Albuquerque, cuja genitora foi minha colega na ECT no Recife.

Na verdade, Gilberto Freyre com “Casa Grande & Senzala”; Euclides da Cunha com “Os Sertões”; Caio Prado Jr. Com “Formação do Brasil Contemporâneo” e Sérgio Buarque de Holanda com “Raízes do Brasil”, foram os precursores da construção analítica do pensamento sociológico, antropológico e econômico brasileiro. Depois veio Celso Furtado com “Formação Econômica do Brasil”.

Destaque-se, entretanto, os estudos de Celso Furtado sobre o nordeste e a sua exemplar atuação como o primeiro superintendente da SUDENE, nomeado por JK, e a elaboração dos Planos Diretores do Desenvolvimento Regional que fazem tanta falta presentemente. Ainda que Reis Velloso não faça nenhuma referência ao trabalho dessa Autarquia. E que desbravaram e descobriram as fortes carências sociais, culturais e econômicas que o nordeste necessitava “denunciar” ao Brasil, para tentar resolvê-las e/ou minimizá-las, como realmente fizera durante longo período na SUDENE.

A profunda reflexão e a inflexão sobre o Brasil é construída e diagnosticada na obra “A Solidão do Corredor de Longa Distância” tendo como fundamento, especialmente os estudos de Gilberto Freyre, Caio Prado Jr, Sérgio Buarque de Holanda; não esquecendo Viana Moog.

Reis Velloso faz uma retrospectiva do país desde os primórdios de nosso descobrimento. Inclusive citando passagens de “Os Lusíadas” – épico poema de Camões – que se refere ao Brasil. Comanta sobre a esquadra de Vasco da Gama. E a expedição de Bartolomeu Dias. Evolve ao nosso passado.

Esclarece porque o país ainda é subdesenvolvido. Entretanto, não perde a forte convicção e a certeza de que as suas oportunidades são grandiosas e estão no futuro. Dando a China como exemplo. O otimismo de Reis Velloso é forte, contagiante, tem sentido; e é louvável.

Faz comentários analíticos sobre as Capitanias Hereditárias, a Depressão de 1929, nosso modelo agroexportador, enaltece nossas grandes oportunidades. Elogia nossa educação de massa, mas sem qualidade; clama pela Biotecnologia, biodiversidade da Selva Amazônica; enaltece Gorbachev; fala em privatizar universidades públicas; destaca os grandes momentos do nosso desenvolvimento econômico; critica a falta de mais investimentos em ciência e tecnologia. A carência desses revela o nosso atraso. Excesso de gestos dos poderes da República.

Destaca os governos de Getúlio Vargas (1951-1954), Juscelino Kubistchek (1956-1961), Ernesto Geisel (1974-1979, dando-lhes os créditos merecidos como gestores. Ainda pontua o governo Lula como única experiência de governo com origem popular.

Pondera que de 1900 a 1980, o Brasil foi o país do mundo que mais cresceu. E fala das três concepções – fases de alto crescimento – Era Vargas, Era JK e Era Geisel.

Enfatiza que com a transferência da capital federal do Rio de Janeiro para o Planalto Central, com a construção de Brasília, começou no Centro Oeste o desbravamento dos Cerrados Brasileiros.

Reconhece que a concentração de renda, sem distribuição, gera a desigualdade social desde a Independência.

Não há nenhum preconceito de Reis Velloso quanto aos governos, administrações, instituições e pessoas. Posta-se como um comentarista imparcial e científico. Correto em todas as dissertações. Trabalho isento de rancores e invejas que nada constroem.

Entretanto, como analista e admirador dos trabalhos do ex-ministro, devo dizer-lhe que discordo da colocação de que o Brasil é um país Barroco. E pode até ser na forma, mas não é no conteúdo. A cultura Barroca (final do séc. XVI até princípios do Séc. XVIII) não combina com um país entre as 8 economias mais prósperas do planeta, com destaque para produção de aviões e submarinos, com 14 montadoras e um agronegócio fantástico. E também da falta de qualquer alusão às agências regionais de desenvolvimento SUDENE e SUDAM; embora destaque o trabalho do BNB.

A “Solidão do Corredor de Longa Distância” ingressa entre os clássicos, porém, atualizado. Deve ser distribuído abundantemente nas universidades públicas e privadas, em todo o Brasil e no mundo. É um livro clássico da forte realidade brasileira e acendrado amor ao nosso país, sem preconceito e falso nacionalismo. Defesa patriótica, cívica e intransigente de nossa soberania, com integração da economia brasileira aos grandes mercados mundiais. E nomina autor estrangeiro que defende a ideia de que o Brasil em 2050 será a maior economia do planeta. Os pessimistas jamais irão acreditar nessa previsão.

 

 

Magno Pires é membro da Academia Piauiense de Letras, ex-Secretário da Administração do Piauí, Advogado da União (aposentado), ex-consultor jurídico da Companhia Antactica Paulista (Hoje AMBEV) 32 anos. Portal www.magnopires.com.br com 104.750.100            acessos em 8 anos e 8 meses, e-mail: [email protected].