O FOQUINHA 3 – A Era do Mimeógrafo
Sim, vou falar sobre o siribolo provocado pelo decreto do prefeito de Água Branca determinando o fechamento do nosso jornalzinho, há 45 anos.
Antes, devo contar um pouco mais sobre o “suporte tecnológico” que usávamos na produção do nosso jornal.
Os equipamentos eram basicamente dois: uma máquina de datilografia (portátil) e um mimeógrafo (uma máquina de impressão caseira).
O seu uso era muito simples: datilografava-se o texto sobre uma folha especial, o estêncil, que tinha carbono.
O texto então aparecia do lado oposto da folha, colocada no rolo da máquina com a parte escrita voltada para cima.
Girava-se a manivela e a máquina começava a vomitar as cópias impressas. O processo era um pouco lento, mas resolvia.
O estêncil era na verdade uma matriz, que só passava o texto para outra folha porque no meio havia um feltro umedecido em álcool. Isto, naturalmente, para o caso do mimeógrafo a álcool.
As cópias produzidas eram inconfundíveis: cheiravam a álcool, e as letras saíam em um azul-arroxeado.
O aparelho era muito utilizado nas escolas e nas repartições públicas.
A seguir, surgiu o mimeógrafo elétrico a tinta e isso tornou o processo mais rápido.
O que usávamos na impressão de nosso jornalzinho já era elétrico, mas tão surrado que espalhava manchas pretas sobre o texto.
E o decreto?
Bem, acabei me estendendo no relato do “processo industrial” de produção de nosso jornalzinho que não entrei na história sobre o decreto do prefeito determinando o seu fechamento.
Mas eu precisava contar um pouco mais sobre a importância do mimeógrafo, uma ferramenta essencial na educação, comunicação e mobilização social antes da chegada das novas tecnologias.
“Geração Mimeógrafo”
O aparelho surgiu no início do século 20 e foi muito usado, sobretudo, nas décadas de 1970 e 1980, antes da disseminação das fotocopiadoras e das impressoras.
Pelo seu baixo custo para reproduzir cópias de papel de forma rápida e pela facilidade no seu manuseio, o mimeógrafo teve um papel relevante no acesso à informação.
Na época da censura, incomodou muitos poderosos de plantão com seu uso na produção de jornais alternativos e de panfletos contra o regime militar, e ainda nas campanhas sindicais, políticas e eleitorais.
A Igreja Católica lançou mão desse aparelho, igualmente, para imprimir os hinos das missas.
Foi também a arma da chamada “geração mimeógrafo” na impressão de sua poesia marginal.
A história do decreto fechando nosso jornalzinho fica para a próxima semana. Sem falta. Até lá!
Fonte: https://zozimotavares.com/site/2025/08/17/o-foquinha-3-a-era-do-mimeografo/
