O Peso da Imortalidade: Reflexões sobre permanência e legado
Na continuidade da série especial “O que é ser imortal para mim”, o físico, professor, escritor e acadêmico Jonathas Nunes, titular da cadeira 2 da Academia Piauiense de Letras, tece uma reflexão densa e instigante sobre o sentido real da imortalidade acadêmica — não como um título protocolar, mas como projeção de permanência através da palavra e da obra.
Com humor sutil, inicia evocando a célebre frase atribuída a Olavo Bilac — “a gente é imortal porque não tem onde cair morto” — para em seguida apontar a gravidade e o simbolismo do termo “imortal” em seu verdadeiro alcance. Imortalidade, segundo ele, é um reconhecimento que não se confere pela nomeação formal, mas pela qualidade e permanência da obra literária de quem integra um sodalício.
“A titularidade do acadêmico é de fácil comprovação pela ata ou certificado de admissão. Já a imortalidade acadêmica presumida nada tem a ver com essas formalidades.”
Na visão de Jonathas, é o julgamento das gerações futuras — e não apenas a eleição pelos pares — que verdadeiramente define quem permanecerá no tempo. A Academia, ao admitir um novo membro, assume a responsabilidade de acolher alguém cuja obra — supostamente — merecerá continuar sendo lida, amada e transmitida. A imortalidade, nesse contexto, é a consagração póstuma da palavra.
Recorrendo à figura de Da Costa e Silva, poeta da saudade e referência máxima das letras piauienses, Jonathas apresenta um exemplo contundente:
“Dizer que Da Costa e Silva é imortal é uma verdade. Mas por quê? Porque escreveu algo tão belo, que há um consenso de que será eternamente lido. Se a obra perpassa gerações, adquire o sopro de algo que não morre.”
Em sua avaliação crítica, todo acadêmico — e candidato a acadêmico — deveria ter na ponta da língua a resposta à pergunta: “O que é ser imortal para você?”.
A resposta de Jonathas Nunes não é evasiva nem romântica. É densa, realista, com os pés firmes na tradição e os olhos voltados para o juízo da posteridade. E justamente por isso, profundamente comprometida com o ofício de pensar, escrever e permanecer..
Fonte: https://www.academiapiauiensedeletras.org.br/o-peso-da-imortalidade-reflexoes-sobre-permanencia-e-legado/
