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Número de moradores de ruas no Piauí cresce 370% em quase uma década

Número de moradores de ruas no Piauí cresce 370% em quase uma década

Homem, jovem, autodeclarado pardo, que frequentou a escola e sabe pelo menos ler e escrever, nunca trabalhou formalmente e abandonou sua casa por desavenças familiares, tendo como causas problemas com álcool ou drogas. Este é o perfil do morador de rua no Piauí, conforme dados do Relatório “População em situação de rua”, levantado pelo Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania. 

Conforme o levantamento, atualmente são 1.120 pessoas vivendo nas ruas de 28 municípios piauienses, maior parte deles em Teresina (78%). Parnaíba vem logo após com 154 vivendo nesta situação. O número total da população em situação de rua representa uma alta de 370%, em quase uma década.  O índice de crescimento é um dos maiores entre os estados. Na média nacional, o aumento foi superior a 900%, chegando a quase 221,2 mil moradores de rua. 

O documento traz informações referentes à população em situação de rua do país a partir dos dados disponíveis nos cadastros e sistemas nacionais. Em 2023, o Cadastro Único para Programas Sociais (CadÚnico) registrou uma média de uma pessoa vivendo assim a cada mil habitantes. No Piauí esse índice ficou em um a cada três mil. O estudo ainda aponta um aumento de entidades, como Centro Pop, que faz atendimento a esse público. 

E esse aumento de moradores de rua no Piauí é perceptível a olhos nus. Não é difícil você passar em um cruzamento e não se deparar com alguém com uma placa afirmando que está com fome. Nas principais praças do centro comercial de Teresina, então, eles não só se concentram como usam as fontes de água para tomar banho e até beber água e os bancos para dormir. Em alguns casos existem até conflitos entre eles. 

“A gente fica com medo de ir passar por aqui à noite, após o expediente para pegar ônibus na volta para casa. Eles vêm em nossa direção e pedem ajuda, comida. Alguns ameaçam quando não recebem”, disse uma comerciária, que trabalha próximo à praça João Luís Ferreira, no Centro da capital. Ela não quis se identificar para não sofrer represália, mas disse que já presenciou furtos provocados por alguns desses moradores. 

Por essa situação, eles são taxados de “pedintes” pela população. No entanto, a pesquisa do Ministério apontou que a maioria dos moradores de rua no Piauí, ou 76,4%, exerce alguma atividade profissional, mesmo que informal. Somente 6,42% deles pediam dinheiro como principal meio de sobrevivência. Esses dados desmistificam o estigma de que grande parte da população não gosta de trabalhar e propensos à mendicância. 

Entretanto, os que vivem pedindo ou até cometendo furto o fazem para manter o vício, quase sempre, revela o diagnóstico. E um dos motivos é o aumento do consumo de crack e outras drogas, bem como o álcool, nos últimos anos, que vem agravando a situação das pessoas que moram nas ruas. Um em cada quatro moradores de rua no Piauí passaram a viver nessa situação graças aos entorpecentes, por exemplo. 

De qualquer forma, as condições das pessoas em situação de rua são indignas. O que para a maioria é algo banal, como um prato de comida, cama aconchegante e banho diário com água aquecida, para um morador de rua é regalia.  Como se não bastasse muitas das agruras pelas quais passam diariamente, os moradores de rua também são vítimas da discriminação e da violência extrema.

Do ano passado para cá, quase uma dezena de moradores de rua foram mortos, no centro de Teresina. Na verdade, eles foram assassinados, alguns executados enquanto dormiam. Na maioria das vezes, os crimes são praticados por outros moradores de rua, na disputa por áreas ou até por consumo de drogas. A polícia piauiense vem investigando todos os casos, independentemente da situação.

Fonte; https://conectapiaui.com.br/blog/em-pauta/numero-de-moradores-de-ruas-no-piaui-cresce-370-em-quase-uma-decada-7384.html