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3,8 MILHÕES FORA DA ESCOLA
“Nenhuma nação, de que tamanha seja, pode conformar-se com 3,8 milhões de crianças e jovens fora da escola”, é a abertura do editorial do jornal Folha de São Paula de 9.2.2012. Mais adiante assinala o mais respeitado jornal brasileiro: “O quadro é acabrunhante e não pode ser explicado apenas por falta de verbas, justificativa tradicional de quem só consegue ver a questão pelo ângulo material (prédio, tecnologia) ou corporativista (salários). Já se gastam 4,3% do PIB no Brasil com educação, perto dos 5% estipulados na quinta meta, sem que isso se traduza na revolução de que o país necessita.” O editorial faz uma avaliação e um chamamento do balanço períodico do ensino no Brasil feito pelo movimento “Todos pela educação”.
O número absoluto assusta (3,8 milhões de crianças e jovens fora da escola), mas oculta que o acesso à escola no país vem melhorando: “de 89,9% da população em idade escolar, em 2006, chegamos a 91,5% em 2010”. O objetivo intermediário para 2010 era 93,4% - e ficamos aquém.
Na avaliação da segunda meta (toda criança alfabetizada até os oito anos de idade), generalizou-se a nota vermelha. O desejado era chegar a 80% do total em 2010 – adianta o editorial da Folha. “Nem o sudeste, com o melhor desempenho do país, chegou a 70% de alunos com domínio de leitura, escrita e contas básicas”.
Em matemática, o desempenho é pavoroso – só 11% dos formandos aprendem o que deveriam dessa matéria essencial para usar produtivamente os conhecimentos e as ferramentas da ciência e da tecnologia.
Indaga-se: - como pode o país alcançar os níveis de desenvolvimento da China, Japão, Estados Unidos, por exemplo, se mantém fora da escola 3,8 milhões de crianças e jovens, somando àqueles milhões de brasileiros que, embora alfabetizados, lêem mal, não sabem as quatro operações matemáticas e são incapazes de dissertar sobre o mais fácil dos quadros literários? É uma situação séria e gravíssima, que precisa ser solucionada com brevidade.
E conclui o editorial da Folha de São Paulo: - “trata-se de um dever nacional resgatar aqueles 3,8 milhões de crianças e jovens que estão fora da escola. É dentro dela, porém, que falta dar as passos cruciais: qualificar melhor o corpo docente, remunerá-lo de forma condizente, atrair os melhores profissionais e dotá-los com os conteúdos e métodos para que ensinem o que os alunos precisam aprender.”
Junte-se a essa tragédia do ensino nacional, a falta de 270.000 professores nos municípios, nos estados e na União. O problema mais grave não está na União e nos estados, embora também com problemas, mas nos municípios, onde a política ainda interfere perversamente no gerenciamento da educação, com o desvio dos recursos do FUNDEB, mesmo com os períodicas fiscalizações/auditagens da CGU, TCU, dos TCEs e dos sindicatos, da imprensa, dos país e alunos. Tem que aumentar o cerco aos maus gestores dos recursos educacionais com o objetivo do Brasil poder alcançar os níveis de desenvolvimento dos países do primeiro mundo.