Literatura

A ACADEMIA PIAUIENSE DE LETRAS: ELETISTA, CONSERVADORA E PODEROSA – (I)

A ACADEMIA PIAUIENSE DE LETRAS: ELETISTA, CONSERVADORA E PODEROSA – (I)

            É dificílimo uma instituição, uma entidade e/ou uma associação contemplar um século de existência e/ou criação. E quando se trata de entidade sem fins lucrativos é que se evidencia e se torna ainda mais incomum esse registro. No ramo empresarial, também é um acontecimento raro, pois os interesses financeiros, individuais dos acionistas falam mais alto. Imaginem com instituições culturais!

A nossa Academia Piauiense de Letras – APL chegou à marca de mais de um século; plena de vigor, produtividade e intensamente sempre reverenciada pela sociedade piauiense; e aclamada, constantemente, pelos seus membros efetivos. E, muitos pretendendo integrar as suas fileiras, como sócio. Entretanto, não obstante essa elevada idade, nunca caducou, embora essa idade, e jamais deixou de participar das lides culturais, apenas culturais, durante sua existência. Tornou-se ícone na história da cultura e da literatura em nosso Estado. E nenhuma outra instituição tem tanto conhecimento acumulado, grandioso patrimônio, nos seus arquivos que a APL. Sendo fonte número um das pesquisas técnicas e científicas do conhecimento literário no Estado. Nenhuma outra detém esse respaldo. Essa referência histórica. Refirmo: esse patrimônio acumulado.

            A sua própria criação e de seus líderes pioneiros denunciam uma efervescência social e cultural, certamente política, porquanto criada nos estertores da revolução RUSSA DE 1917, que se alastrou pelo mundo; embeveceu líderes políticos, jornalistas, escritores, intelectuais, sociólogos etc., que aceitavam uns e contestavam outros, a revolução Russa que eliminou uma sociedade conservadora implantada há anos no Estado Soviético; eliminou líderes, prendendo outros e exilando milhares.

Embora a APL haja recebido intensamente os fluxos e refluxos da Revolução Russa de 1917, os seus líderes idealizadores, ao que parece, não absorveram as ideias revolucionárias de 1917 e a adoção desses princípios na Academia que se instalara.

Evidente que a APL teve também seus períodos de baixa e alta na sua longerra vida, porém, jamais ao ponto de inviabilizá-la como entidade cultural e de conhecimento.

Os seus líderes não se submeteram às exigências e reclames do tempo; também jamais se intimidaram com os movimentos adversos que tivessem de enfrentar: Defrontou-os e sempre mais altaneira e mais forte ainda até presentemente.

Entretanto, não obstante essas passagens históricas ideológicas, políticas e culturais que tivera de encarar, jamais se subordinou a elas, porque teve, sim, atitude de altivez, de grandeza, de defesa e de protesto da sua luta histórica. E saindo-se relevantemente altaneira e muito mais poderosa dessas lides. Dessas repregas diria revolucionária.

No entanto, no que pese esses sensos, dissensos, senões percalços e contrariedades que enfrentou destemidamente em sua longa história de vida, nunca aliou-se a eles, porém, deixou mais esclarecida, evidenciada mesmo, a sua forte, inquestionável, inquebrantável e inalienável linha de ação em defesa de seus objetivos, da cultura e do conhecimento literário.

 

Magno Pires é Membro da Academia Piauiense de Letras e o Vice-presidente, ex-Secretário da Administração do Piauí, Advogado da União (aposentado), jornalista, administrador de empresas, Portal www.magnopires.com.br, e-mail: [email protected].