ABL terá palestra sobre Anita Malfatti
A escritora e ensaísta Lúcia Bettencourt falará sobre a trajetória de Anita Malfatti, precursora do movimento modernista brasileiro, na próxima terça-feira, 17 de setembro, às 16h, na Academia Brasileira de Letras.
A conferência, com entrada franca, integra o ciclo “O que eu sei dela”, com coordenação da Acadêmica e escritora Rosiska Darcy de Oliveira. As inscrições podem ser feitas pelo link: https://www.even3.com.br/anita-malfatti-469769/
Para Lúcia, Anita Malfatti não foi mártir nem vítima, e sim, uma pessoa consciente de suas dificuldades múltiplas: uma mulher num país patriarcal, com uma malformação congênita, quando problemas físicos eram estigmatizados. Não ter dote, nem ser especialmente bonita para compensar a falta dele no “mercado casamenteiro”, numa época em que as oportunidades de uma mulher se sustentar com seu próprio trabalho eram muito raras, tornavam-se um grande problema.
- Anita venceu todas estas dificuldades, conseguiu sustentar-se a si, sua mãe e também sua irmã. Além disso, teve um projeto de profissionalização da arte, e do ensino de arte em São Paulo – destacou Lúcia.
O ciclo
Em quatro conferências, o ciclo se concentra na trajetória de mulheres que ficaram marcadas seja por sua transgressão, por sua influência na literatura, ou pela denúncia social. No dia 24, a Acadêmica e escritora Lilia Schwarcz encerra o ciclo com uma palestra sobre Amália Augusta.
Sobre Lúcia Bettencourt
Lúcia Bettencourt, escritora, é formada em Português-Literaturas pela UFRJ e doutora em Literatura Comparada pela UFF. Começou a publicar ficção graças ao prêmio SESC de contos de 2005 conferido a: A Secretária de Borges (Rio de Janeiro: Record, 2006). Pela mesma editora publicou ainda os contos Linha de Sombra (Rio, Record, 2008) e o romance O Amor Acontece (Rio, Record, 2012). Como ensaísta recebeu o prêmio da Academia Brasileira de Letras em 2012 pelo livro O Banquete, uma degustação de textos e de imagens. Publicou O Regresso: a última viagem de Rimbaud, romance finalista do prêmio Rio no ano de 2015, pela Editora Rocco. Lúcia tem participado de diversas antologias, dentre as quais se destacam Olhar Paris, org. Leonardo Tonus e Simone Paulino (São Paulo: Editora Nós, 2016), e Vou-te contar, org. Celina Portocarrero (Rio, Rocco, 2014) O livro branco, org. Henrique Rodrigues (Rio de Janeiro: Record, 2012).
Sobre Anita Malfati
Anita Catarina Malfatti foi pintora, desenhista, gravadora, ilustradora e professora. Uma das mais relevantes artistas brasileiras, Anita tem papel determinante na introdução da estética modernista no país. Iniciou seu aprendizado artístico com a mãe, a pintora Bety Malfatti (1866-1952). Em 1909, pintou algumas obras, entre elas a Primeira Tela de Anita Malfatti. No ano seguinte, viaja à Europa para aperfeiçoar sua formação, e se instala na Alemanha, país que vive uma efervescência do expressionismo. Anita ingressa na Academia Imperial de Belas Artes de Berlim, onde tem aulas de desenho, perspectiva e história da arte. A linha de seus estudos, no entanto, ainda é bastante tradicional. De 1915 a 1916, reside em Nova York e tem aulas com professores como os pintores americanos George Brant Bridgman (1864-1943), e Homer Boss (1882-1956) na Independent School of Art. A convivência com este professor e o clima vanguardista da escola levam adiante o desenvolvimento da liberdade moderna cultivada na Alemanha.
Na mesma época, realiza seus trabalhos mais conhecidos, como O Farol (1915), Torso/Ritmo (1915/1916) e O Homem Amarelo (1915/1916), nos quais, o desenho perde o compromisso com a verossimilhança clássica e ganha sentido mais interpretativo. De volta ao Brasil, em 1917, associa a liberdade de compor com formas à crítica nacionalista. Pinturas como Tropical (1917) e Caboclinha (1907) fazem parte desse esforço. Todas essas pinturas são reunidas em sua segunda individual: Exposição de Arte Moderna, em dezembro de 1917. A mostra implica respostas diversas e repercussões decisivas para seu trabalho. Se, por um lado, a exposição rende uma aproximação com os artistas e intelectuais que mais tarde realizam em São Paulo a Semana de Arte Moderna, por outro, Anita vira alvo de uma reação violenta às linguagens vanguardistas.
Fonte: https://www.academia.org.br/noticias/abl-tera-palestra-sobre-anita-malfatti