Economia

AS ELITES E OS 1,4 MILHÃO DE POBRES DO PIAUÍ

AS ELITES E OS 1,4 MILHÃO DE POBRES DO PIAUÍ

AS ELITES E OS 1,4 MILHÃO DE POBRES DO PIAUÍ

 

Magno Pires

 

As elites do Piauí não estão preocupadas com a situação econômica e social dos 1,4 milhão de piauienses, equivalente a 45,3% (quarenta e cinco virgula três por cento) da população do Estado que vivem abaixo da linha da extrema pobreza, conforme pesquisa do IBGE em 2017. O Piauí é um estado composto de miseráveis, famintos, e de uma minoria rica, insensata, e altamente concentradora de renda. A insensibilidade é muito grande. Infinita. E se os ricos, os afortunados, os poderosos economicamente, não aliviarem as dificuldades profundas desses irmãos carentes em tudo, quem o fará? eles não têm capacidade de competir num mercado altamente excludente como o nosso. Numa sociedade egoísta e potencialmente concentradora de renda e de patrimônio. Esse contingente enorme de miseráveis não têm nem sequer o que comer diariamente. Se toma café, com um pão e/ou às vezes algumas bolachas, já vencidas, porque as elites entendem que ele come qualquer coisa; possivelmente não almoçará. E se almoçar, com o prato composto de arroz branco, em grande quantidade, um pouco de feijão, normalmente preto, e alguns pedaços de carne de frango, com certeza, não jantará. Ou fará alguma refeição no outro dia, mas talvez repetindo o café servido, com um pão e/ou às vezes algumas bolachas, co m o prazo de validade vencido.

Nesse quadro de subnutrição, quase permanente, esses pobres piauienses são atacados e/ou acometidos por várias doenças infecto contagiosas. Lembrei-me do médico pernambucano Josué de Castro com sua geografia da fome.

As elites não acreditam nesse cenário subalimentar a que são submetidos esses milhares de pobres. As elites – todas elas – não se condoem, não se sensibilizam, não se preocupam, são indiferentes, com esses milhares de irmãos famélicos ou famintos.

Elas se contentam em participar das festas promovidas pelos cronistas sociais que exibem os seus belos e caríssimos vestidos e colares; os seus vestidos compridos em cores diversas; os seus sapatos de marcas; suas pulseiras reluzentes, especialmente da marca Europeia, pela tradição da nobreza; os brincos belíssimos e crivados de diamantes e outros metais caríssimos. Nessas festas expõem e se expõem, sempre sorridentes e cheias de vida, garbosas, alegres e belas, distribuindo abraços, beijos, afagos e muito amor aos próximos, mas integrantes da mesma elite poderosa e vaidosa.

Essa insensatez dos ricos e poderosos para com esses milhares de pobres, inferniza e contamina todo o complexo social. E adere à falta de amor e defesa desses irmãos ao seu carácter insensível e indiferente à situação desses pobres.

Essas elites se satisfazem com sua riqueza e com as festas que participam. Elas não têm outra preocupação apenas com o lucro fácil.. E

ninguém lhe removerá dessa posição. Desse meio ambiente construído pelo seu largo poder corporativo, social e endinheirado.

Os cronistas sociais constroem e emolduram extremamente bem esses cenários e todos os esfuziantemente ricos apoiam o trabalho desses cronistas, que também é fenomenal. Conseguem organizar uma festa tão “badalada” e bela e levar também tantos ricos a integrar e participar do seu trabalho festivo e necessário à vida desses e dessas chiques.

As elites políticas, empresariais, econômicas, culturais, sociais não haverão de gostar desse artigo. E dizerem o diabo, em críticos, a quem escreva, taxando-o de comunista, esquerdista, recalcado... Especialmente agora, que a direita reaparece comandando, com o DEM (ex-pefelê), o Senado Federal e a Câmara dos Deputados. E achando que têm um corte atual vanguardista. Terá que ter o máximo de vigilância, porém, para não cair na mesma vala da esquerda, com o PT, que enganou pobres e lucrou com a atitude dos ricos e sempre aliados.

Permaneço estarrecido, desconcertado, com o coração dilacerado e extremamente preocupado, lamentando e criticando o que observo; pasmo diante da atitude e do comportamento dos ricos, relativamente a esses 1,4 milhão de pobres piauienses, que vivem na linha da extrema pobreza, sem ter o que comer; obtendo apenas o essencial para sobreviver, não morrer de fome, embora acometido pelas terríveis doenças provocadas pela fome dilacerante.

E quando se sabe que o Brasil é a oitava economia e um dos oito países mais ricos do planeta, porém, a concentração da renda é impiedosa. E sem que haja distribuição dessa riqueza, torna-se um dos países social e economicamente mais injustos; pois, lança à fome e à miséria milhões de brasileiros, inclusive 1,4 milhão de piauienses. Essas elites precisam parar para refletir sobre a condição desses nossos irmãos desafortunados.

Oh Senhor dos desgraçados!... já bradava veementemente o poeta e abolicionista Castro Alves em defesa dos pobres e escravizados pela Casa Grande e Senzala mantidas pela mão de obra escravo.

 

Magno Pires é Membro da Academia Piauiense de Letras, ex-Secretário de Administração do Piauí, Advogado da União (aposentado), jornalista, administrador de empresas, ex-consultor jurídico da Companhia Antactica Paulista (Hoje AMBEV) 32 anos. Portal www.magnopires.com.br com 113.290.320 acessos em 9 anos e cinco meses. e-mail: [email protected].