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AS ELITES PIAUIENSES E OS 1,3 MILHÃO DE POBRES

AS ELITES PIAUIENSES E OS 1,3 MILHÃO DE POBRES

AS ELITES PIAUIENSES E OS 1,3 MILHÃO DE POBRES

 

Magno Pires

 

  As elites empresariais, políticas, econômicas, intelectuais e de servidores públicos do Piauí, com algumas raras exceções de seus membros, não estão preocupadas com a situação sócio-econômica dos 1,3 milhão de piauienses que estão abaixo da linha da pobreza, conforme os levantamentos do IBGE. E não fazem esforços relevantes para resgatar esse enorme contingente de piauienses dessa condição miserável. E o Piauí já foi administrado por governos da direita e da suposta esquerda, também por governos sem qualquer motivação ideológica e filosófica, embora isso seja irrelevante para esses segmentos sociais acima nominados. O índice de pobres e de miseráveis aumentou assustadamente. A fome potencializou-se no Estado. Os necessitados, famélicos, paupérrimos, desgraçados pela brutal concentração da renda no Piauí cresceram enormemente. E os ricos estão indiferentes.

E as políticas públicas adotadas por esses sucessivos governos da direita e da suposta esquerda, que se alternam na gestão estadual, nunca refletem e/ou atendem às necessidades peculiares e essenciais desse contingente populacional, que passa extrema dificuldades econômicas.

  Os números da condição dos miseráveis do Estado estão escancarados nos próprios levantamentos oficiais. Pois, tem mais gente recebendo o iníquo e abominável Bolsa Família que empregados nas empresas privadas do Estado, que também são poucas.

E agora, com o pagamento do auxílio emergencial da pandemia, ficou mais escancarada e exposta a multidão de pobres, que passa necessidades mínimas para sobreviver; ou continua com sobrevida. Esse pagamento do auxílio demonstrou à mão cheia a vastidão de pessoas que passa atrozes dificuldades, não tendo o que comer, onde morar, morando em favelas sem saneamento de água e esgoto, maltrapilhos, desdentados, cadavéricos pela subnutrição, feições rústicas e enrugadas, pálidas da fome, doentes, amarelos devido à pouca alimentação, analfabetos, raquíticos, cheios de vermes... com predominância da insegurança alimentar.

O cenário acima foi retratado nas grandiosas filas dos bancos que pagavam o auxílio emergencial.

E ainda!; Gente sem qualquer documento; que não constava dos cadastros do governo; sem certidão de nascimento, consequentemente sem RG, carteira de identidade. Sem qualquer registro oficial, portanto, brasileiros que não existem oficialmente, embora cidadãos, mas que não sabem quem é o pai e a mãe, ainda que exista fisicamente. Isso tudo do conhecimento das autoridades, mas não tomam as providências para solucionar essa irregularidade da cidadania.

E no Piauí, isso se agrava todo ano. Milhares ingressam nessa relação maldita de pobres e miseráveis, embora a propaganda oficial, que predomina sobre a realidade social infame de milhares de pessoa sacrificadas e condenadas à morte, à subnutrição e às verminoses que se estendem em todos os segmentos, com reflexos no ensino de baixa qualidade que temos; com exceção para os colégios particulares, que atendem à classe média alta, aos ticos, aos filhos dos empresários, de políticos, de intelectuais etc., etc., enquanto os filhos dos pobres frequentam, frequentam apenas, as escolas públicas oficiais, com professores sempre insatisfeitos, com os salários que recebem, com as condições de trabalho, embora em salas de aula com aparelhos com ar-condicionado, sem a devida e permanente assistência técnica de conservação e manutenção.

E ainda tem a merenda escolar, com o oferecimento de produtos com prazo de validade vencida, além da péssima qualidade dos produtos ofertados ao consumo dos alunados.

Esse é o cenário calamitoso do Piauí, diante de uma elite política e empresarial, econômica e intelectual, de servidores públicos, que marejam em não atender às mínimas necessidades de 1,3 milhão de piauienses, que passam fome e necessidades.

Entretanto, outro fator preponderantemente assustador e que emoldura também esse quadro, é a brutal concentração de renda no Estado, liderada pelos segmentos nominados no preâmbulo deste trabalho, historicamente insensíveis a uma solução adequada da condição social desses milhares de piauienses. Enquanto não distribuir a renda, desconcentrando-a, o Brasil não se desgrudará das terríveis iniquidades sociais, econômicas, educacionais dentre outras mazelas.

 

 

Magno Pires é Membro da Academia Piauiense de Letras e o Vice-presidente, ex-Secretário da Administração do Piauí, Advogado da União (aposentado), jornalista, administrador de empresas, Portal www.magnopires.com.br, e-mail: [email protected].