Economia

BREVES ANÁLISES DE CRISES NACIONAIS DO SUICÍDIO DE GETÚLIO, QUE VENCEMOS,  À COVID-19 QUE TAMBÉM DOMAREMOS

BREVES ANÁLISES DE CRISES NACIONAIS DO SUICÍDIO DE GETÚLIO, QUE VENCEMOS,  À COVID-19 QUE TAMBÉM DOMAREMOS

BREVES ANÁLISES DE CRISES NACIONAIS DO SUICÍDIO DE GETÚLIO, QUE VENCEMOS,  À COVID-19 QUE TAMBÉM DOMAREMOS

 

Magno Pires

 

            Em 1954, aos doze anos de idade e cursando o ensino fundamental no ginásio Desembargador Antônio Costa, administrado pelos irmãos e professores Melo e Domício Magalhães, recebia a notícia do suicídio do ex-presidente Getúlio Vargas em plena sala de aula. E o desenrolar das articulações políticas para o Vice-presidente Café Filho assumir a presidência da República. Ainda criança, com apenas doze anos, não compreendia aquela “confusão”, com o noticiário anunciando os problemas com as consequências graves que se abateriam sobre o país e as dificuldades dos líderes para um processo de conciliação, embora a Constituição devesse ser cumprida. O certo, porém, é que ultrapassamos aquele momento trágico e o país andou normalmente, com o Vice assumindo a gestão do Brasil.

            No período da gestão presidencial de Getúlio, o Brasil presenciava a mudança de sua matriz econômica; saindo de estruturas feudais e de grandes proprietários rurais; com a economia baseada na produção de café, açúcar, cana de açúcar, cacau, sizal e no extrativismo rural do babaçu, da cera de carnaúba, da maniçoba, do tucum, dos pequenos e médios roçados com plantios de arroz, do milho, do feijão, de mandioca, com produção de cachaça e tiquira; e dos criatórios de gado pé duro, de ovinos, caprinos, suínos e vasta produção de peles silvestres à introdução de uma matriz industrial, com a liberação do homem do campo, os nossos conhecidos caboclos, para o surgimento dos industriários e comerciários e o início da sindicalização e as Ligas Camponesas de Francisco Julião (em Pernambuco) do meio rural brasileiro com introdução dos primeiros sindicatos. Era o prenúncio da urbanização do Brasil com fluxos migratórios do campo às cidades.

            Em 1962, oito anos após a morte de Getúlio Vargas, e eu completando vinte anos, acompanhei a renúncia do presidente Jânio Quadros, eleito com larga maioria de votos sabre o seu concorrente eleitoral.

            A assunção do Vice presidente João Goulart não foi fácil. Mas o presidente do Congresso Nacional, Ranieri Mazzili, assumiu a presidência no período transicional, enquanto o Vice preparava-se para ocupar o cargo. Pois estava em viagem ao exterior. Sucederam-se manifestações de líderes políticos, sindicalistas.., porém, as coisas se acalmaram e o país volta à normalidade constitucional.

            A posse do Vice, constitucionalmente eleito, o gaucho João Goulart, foi muito complicada. Pois não gozava da confiança das Forças Armadas – Exército, Marinha e Aeronáutica e o país já vivia o prenúncio da dita revolução militar de março de 1964, com a futura ocupação da presidência da República pelos militares que não apoiavam e/ou não eram simpáticos ao Vice Goulart.

            Os militares ocuparam o poder nacional de março de 64 a 1985, por aproximadamente quase ¼ de século, vinte e um anos. E nesse longérro período, muitos brasileiros foram mortos; outros torturados e presos; e muito exilaram-se no exterior.

            Entretanto, no período militar, o país ainda assistiu a crise do petróleo em 1970. O forte regime inflacionário, com inflação alta, alto desemprego, crise cambial e outros graves problemas econômicos e financeiros. Os governos militares criaram grande quantidade de estatais; construíram inúmeras obras de infraestrutura. Inclusive a Ponte Rio/Niterói; e a Transamazônica.

            E, em 1980, eclodiu a crise no sistema financeiro nacional, com fechamento, fusões e incorporações de várias entidades bancárias públicas e privadas, bem como o novo redirecionamento de todo o sistema financeiro brasileiro, que se modernizou muito. Vários bancos estaduais foram adquiridos por entidades privadas. Restaram poucos bancos estaduais, porém, com prazos contados para extinção e/ou venda.

            Em 1992, assisti ao impeachment do ex-presidente Collor de Mello e a sua substituição pelo Vice, constitucionalmente eleito, o mineiro Itamar Franco.

Mas, quem dava as cartas na área econômica e financeira era o Ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso, que, no cargo, fez todas as articulações para ser o futuro presidente da República. Era o início do poder no PSDB e de seus líderes. FHC instituiu a reeleição e permaneceu no poder por oito anos.

            Entretanto, antes do impeachment de Collor de Mello e a assunção de Itamar Franco na presidência, o país vivenciou a terrível e dificílima crise da posse do Vice-presidente, o maranhense José Sarney, devido a morte de Tancredo Neves.

            A gestão Sarney não foi fácil. Teve que conciliar os interesses de militares da extrema direita, que se despediam do poder, e de grupos civis da extrema esquerda nacional, para fazer a transição entre essas lideranças e o poder nacional, acima de todos, com os seus interesses e objetivos permanentes, aplacando as divergências e minimizando os focos de atritos políticos, econômicos, sociais e culturais para poder implantar a transição entre os grupos que se debatiam; uns sem querer abdicar do poder e outros pretendendo assumi-lo; contudo, Sarney foi o grande líder e mestre da conciliação, da transição, da harmonia dos interesses divergentes e convergentes desses grupos políticos. Foi muito difícil, mas concretizou os interesses nacionais. E apaziguou o País.

Presenciei, também, a implantação de vários planos econômicos, para coibir a forte inflação nos governos de Collor de Mello e de Sarney. Inclusive o sequestro da poupança no governo Collor, com o Ministério da Fazenda, comandado pela economista Zélia Cardoso de Mello, que criou uma instabilidade econômica enorme com essa sua medida impopular.

            Assisti ao desenrolar da fantástica eleição do sindicalista Luís Inácio Lula da Silva, após as administrações de Itamar Franco e de Fernando Henrique Cardoso, com estabilidade política-institucional; com o ex-presidente Lula conservando as regras de fundamentos econômicos implantadas pelo ex-presidente FHC. Lula deu continuidade ao plano econômico de FHC, tendo sido muito criticado. Eram medidas neoliberais, que a suposta esquerda nem sequer tolerava.

            Na gestão do ex-presidente Lula, no primeiro mandato, o país cresceu 7,5% a.a. e houve estabilidade econômica e financeira. Aprovou vários projetos no Congresso de cunha nacional, como a Reforma do Judiciário pendente, há 13 anos, de sua aprovação pelo Congresso, além de outros projetos e programas de grande interesse do País. Concebeu o PAC – Programa de Aceleração do Crescimento, com diversas obras executadas no País. Entretanto, no segundo mandato, que também foi normal institucionalmente, porém, começaram a surgir os focos de corrupção, com início do Mensalão e outras denúncias contra sua gestão.

            O presidente Lula, conseguiu reeleger-se; e ainda que, com vários focos de corrupção na gestão, também elegeu e reelegeu Dilma Rousseff, a primeira mulher brasileira a chegar à presidência da República por eleição direta e universal.

            Contudo, com Dilma na presidência, o prestígio do PT e de Lula estavam em baixa e aumentaram as denúncias de corrupção, com o indiciamento de diversos líderes do PT, do PMDB, PP e de outras agremiações na Lava-Jato em Curitiba no Paraná.

            Muitos líderes foram denunciados, porém, não apenas do PT. As denúncias eram referentes às lideranças de partidos nacionais e de grandes empresários, diretores das maiores empresas de construção civil e do setor público como a Petrobrás, que quase vai à falência porque enormes foram os desvios de recursos do seu patrimônio.

            Por último, no plano político-institucional, acompanhei o outro impeachment o da petista, ex-presidente Dilma Rousseff, e a prisão do ex-presidente Lula; e a assunção do poder pelo presidente Michel substituto de Dilma. A gestão Dilma legou muitos problemas a resolver e que eram objetos de denúncias.

            Foi um período de fortes instabilidades políticas e econômicas, com inflação alta, contas públicas descontroladas, alto desemprego dentre outros graves problemas.

            O PT e o seu principal ícone, o ex-presidente Lula, estavam em queda constante; desaprovados pela opinião pública; e o exemplo mais dignificante e relevante foi a derrota do petista Haddad nas eleições presidenciais de 2018, com a vitória do capitão Bolsonaro, por 57 milhões de votos.

            Derrotados PT, Lula, Dilma e os demais líderes petistas, especialmente a maioria dos governadores do Nordeste, que apoiam Haddad; e foram todos à oposição inconsequente ao presidente eleito. As supostas esquerdas, entretanto, elegeram os executivos de que todos os Estados do Nordeste em 2018.

            Ainda que com a permanência no Brasil das consequências da crise econômica de 2008, que estávamos saindo, quando adveio a crise sanitária do novo Coronavírus, que abala e desestrutura as economias e as finanças de todos os países do planeta e sendo profundamente severa no Brasil.

            O governo do presidente Bolsonaro seguia normal, quando surgiu essa Pandemia, sangrando as finanças brasileiras, como faz com todos os países; inclusive nas nações do primeiro mundo, as mais ricas do planeta.

            A oposição ocupa-se da crise sanitária, para crivar e criticar irresponsavelmente ao presidente, tirando proveito político e disseminando inverdades, mentiras, para dificultar o andamento das ações e medidas tomadas pelo Governo da União em benefício de todos os Estados e municípios e dos brasileiros mais necessitados da ordem de 56 milhões de habitantes, que estão recebendo o auxílio emergencial de R$ 600,00, em três parcelas;

Para cujo auxílio foram liberados R$ 150 (cento e cinquenta) bilhões de reais e o presidente poderá transformá-lo em permanente; dependendo da situação da economia nacional, com a retração econômica provocada pelo novo Coronavírus – COVID-19, ou após o evento dessa crise sanitária.

            A pandemia, entretanto, está sendo enfrentada radical e tecnicamente pela Presidência da República, com o Governo da União transferindo para Estados e municípios, uma ajuda de 125 bilhões de reais. Certamente a maior ajuda já remetida para Estados e para os municípios pelo Governo da União na história republicana.

Além do auxílio emergencial para todos os autônomos, desempregados, pedintes, barraqueiros, moradores de rua e outras categorias, também a maior ajuda recebida para segmentos sociais vulneráveis com registro na história de transferência de renda no Brasil.

            Por conseguinte, o Brasil também superará mais essa nova crise mundial da pandemia. E a maior comprovação dessa história de sucesso de combate às crises é que desde 1954, com o suicídio de Getúlio Vargas, em 25 de agosto, e as demais que surgiram nesse longérro período de 66 (sessenta e seis) anos, foram equacionadas, resolvidas e solucionadas pelo Estado Brasileiro. Temos, pois, enorme experiência acumulada.

             A capacidade do Brasil para vencer esta terrível crise, provocada por esse Corona, além de lastreada nas pesquisas de cientistas nacionais e estrangeiros, o país está com os seus fundamentos econômicos sólidos, garantidos pela estabilidade democrática e/ou institucional, com o Executivo, Judiciário e Legislativo funcionando normalmente, embora as desavenças entre poderes, garantia monetária, anti inflacionária, juros baixos (ainda que alto para os padrões internacionais), produção recorde de grãos, agronegócio forte; maior produtor de carne de gado, de frango, de suíno, de sucos, de café, de minério de ferro; sistema bancário sólido; quatorze montadoras de veículo; produtor de avião comercial e executivo; quarta maior democracia do planeta; imprensa livre e sem censura; desemprego alto, mas sem manifestações sociais graves e incontroláveis. E um dos maiores exportadores do planeta; reservas internacionais de 360 (trezentos e sessenta) bilhões de dólares... Eis, pois, reafirme-se, com base nesses parâmetros alinhados acima, a nossa segurança interna irresoluta para domarmos mais essa gravíssima atual crise sanitária que solapou as economias de todas as nações. Inclusive, profundamente, às dos países mais ricos e poderosos do mundo, como Estados Unidos, China, Japão, Itália, Alemanha, França, Canadá, África do Sul etc. etc.

            Por isso, também haveremos de domar esse Coronavírus; embora invisível, porque, ainda que matando milhares de pessoas no Brasil e no mundo, chegará o momento, que não demorará muito, ele será golpeado pela inteligência e capacidade técnica dos médicos, cientistas, epidemiologistas, infectologistas e pesquisadores do Brasil e do planeta, que estudam, trabalham e pesquisam incansavelmente à procura de uma vacina capaz de eliminá-lo; e deixar a população livre de sua ação maligna, perversa e mortífera.

Também, ressalte-se, caros leitores, haveremos de dominar mais esta crise do Coronavírus, que nasceu em Wuhan, na China, e ganhou o planeta, causando medo, aflição, ansiedade, depressão e milhares de mortes.

 

(Para meus filhos Antônio Henrique (Engenheiro Civil, advogado e deputado estadual), Luciana Pires (advogada, historiadora, tributarista, e professora), Juliana Pires (bacharel em direito), minha nora Elisabeth Sá (jornalista, administradora de empresas, empresária), meu genro dr. Jolberto Gonçalves (médico, professor e empresário) e aos netos Pedro Henrique, Betinha, Théo e às gêmeas Isis e Ane).

 

 

Magno Pires é Membro da Academia Piauiense de Letras e o Vice-presidente, ex-Secretário da Administração do Piauí, Advogado da União (aposentado), jornalista, administrador de empresas, Portal www.magnopires.com.br, e-mail: [email protected]