Brics criticam resposta à crise econômica e temem impactos no bloco
O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Mauro Borges, informou nesta segunda-feira(14) que os ministros dos países que compõem o Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) veem com preocupação a lenta retomada da economia mundial, com prejuízos aos investimentos e ao fluxo de comércio. Ele leu o documento final do encontro de ministros de comércio reunidos na 6ª Reunião de Cúpula dos Brics, que acontece em Fortaleza.
“Especificamente, (os ministros) observam que as incertezas relacionadas ao crescimento econômico global e às respostas de política econômica dos países desenvolvidos podem levar ao aumento da volatilidade dos mercados financeiros e, neste sentido, provocar desdobramentos não desejáveis para a economia mundial”, disse.
Os ministros do bloco enfatizaram que é necessário melhorar a governança internacional das estruturas globais para uma coordenação de política e prosperidade dos países. Os ministros acreditam também que, a despeito desse cenário desafiador, os países do Brics continuam a contribuir de forma decisiva para a recuperação econômica mundial.
“Eles reconheceram que o comércio e os investimentos entre os países do grupo aumentou significativamente nos anos recentes, de 2002 para cá, mas mais acentuadamente a partir da grande crise de 2008”, destacou. De acordo com o comunicado, o grupo está disposto a impedir qualquer iniciativa protecionista que afronte à Organização Mundial de Comércio (OMC), dos quais os cinco países são signatários.
Os ministros também destacaram que o sucesso do encontro de Bali, ocorrido em dezembro de 2013, tem o apoio do Brics em relação aos objetivos nos cronogramas que foram estabelecidos, de forma que se estabeleça o papel central da OMC e as regras globais de comércio. Os ministros enfatizaram a necessidade da conclusão da Rodada Doha e se comprometeram a dedicar esforços para assegurar um programa de trabalho na OMC para fortalecer uma estrutura de comércio mais equilibrada, inclusiva voltada para o desenvolvimento.
A Rodada Doha é um ciclo de negociações para liberalização do comércio mundial, iniciado em 2001. Os principais impasses estão nas negociações entre os países em desenvolvimento e os desenvolvidos nos setores de agricultura, facilitação de comércio, dos serviços e manufaturados.
Outro ponto apontado no documento foi um estudo preparado pelo Grupo de Relações para Assuntos Econômicos e Comércio (CGETI, na sigla em inglês), que faz recomendações importantes para agregar valor às exportações entre os países do Brics e garantir que o comércio seja mais sustentável.
Os ministros de comércio do bloco também reafirmaram a importância do diálogo contínuo sobre acordos de investimentos internacionais e enfatizaram a necessidade de fortalecer a cooperação no comércio eletrônico entre os países do Brics.
Amanhã (15), durante a reunião de Cúpula, os chefes de Estado dos cinco países vão deliberar sobre a criação do novo banco de desenvolvimento do bloco, que financiará projetos de infraestrutura e desenvolvimento sustentável. Também deverá ser criado o Arranjo Contingente de Reservas – linha de defesa adicional para os países do bloco em cenários de dificuldade de balanço de pagamento.
Em Brasília, na próxima quarta-feira (16), ocorrerá reunião de trabalho entre os mandatários dos países do Brics e chefes de Estado e de governo da América do Sul.
VI Cúpula do Brics
Começou, nesta segunda-feira (14), em Fortaleza (CE), a VI Cúpula do Brics. O grupo de países em desenvolvimento é formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.
Entre os principais pontos a serem debatidos no encontro estão a formalização da proposta de criação do Banco de Desenvolvimento e do Arranjo Contingente de Reservas (CRA).
O banco conjunto terá como função financiar projetos de infraestrutura e sustentabilidade. A Instituição Financeira terá capital inicial de US$ 50 bilhões, sendo US$ 10 bilhões em recursos e US$ 40 bilhões em garantias. Depois da assinatura do acordo para sua criação, o banco terá que ser aprovado pelos parlamentos dos cinco países.
A presidência do banco, que será rotativa, e o local de sede serão definidas na cúpula, em Fortaleza, bem como o conselho de administração e outras questões técnicas.
O Brasil foi o único membro que não se candidatou a sediar o banco. As opções são Xangai (China), Joanesburgo (África do Sul), Moscou (Rússia) e Nova Delhi (Índia).
Já o fundo servirá para ajudar os países do bloco em caso de dificuldades com balanço de pagamentos. O capital inicial do fundo será de US$ 100 bilhões. A China entrará com US$ 41 bilhões; o Brasil, a Rússia e Índia com US$ 18 bilhões cada; e a África do Sul com US$ 5 bilhões.
Fonte:
Agência Brasil
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