Economia

CONFORME O IBGE, 105 MILHÕES DE BRASILEIROS TÊM RENDA MENSAL DE R$ 438,00

CONFORME O IBGE, 105 MILHÕES DE BRASILEIROS TÊM RENDA MENSAL DE R$ 438,00

CONFORME O IBGE, 105 MILHÕES DE BRASILEIROS TÊM RENDA MENSAL DE R$ 438,00

 

Magno Pires

              Três entidades e/ou órgãos nacionais respeitáveis mostram o tamanho e o horror da profundidade da desigualdade de renda (e/ou sua monstruosa concentração) no país. A população atual do Brasil é da ordem de 207 milhões de habitantes.

              Pelo IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, os que sobrevivem com R$ 438,00 (quatrocentos e trinta e oito reais) por mês e/ou aproximadamente R$ 15,00 (quinze reais) por dia, representam uma multidão de 105 (cento e cinco) milhões, metade da população brasileira; o IBGE fez uma pesquisa de campo com os seus técnicos; já pelo levantamento da DATAPREV, os brasileiros nessa condição e com direito ao benefício emergencial, são 95 (noventa e cinco) milhões. E os recursos já pagos para 56 (cinquenta e seis) milhões, que é o número da Caixa Econômica Federal – CEF e o menor dos levantamentos – procedidos pelas entidades nominadas.

              Qualquer um desses enormes contingentes populacionais representam o grau da pobreza e de miseráveis existentes no Brasil, que as elites nacionais são historicamente indiferentes e muitos desses endinheirados e ricos acham que esses dados são projeções de cientistas, antropólogos, sociólogos, economistas, estatísticos... desocupados que trabalham nas instituições referenciadas. E muitos políticos também não acreditam nesses levantamentos. E só podem ter essa ideia porque não conhecem o interior do Brasil. Têem as mesas fartas e cheias de comidas diariamente. Tampouco jamais visitaram uma favela de centro e das regiões periféricas das grandes metrópoles (São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Recife, Fortaleza, Porto Alegre...) para se cientificarem e verem a tragédia humana da extensão e da magnitude desse intrigante e grandioso problema social que assola o Brasil de ponta a ponta. E os filhotes desses ricaços e desses políticos é que não saberão mesmo; porque só saem de seus luxuosos e caríssimos condomínios fechados para festas de família; boates e clubes de luxo; shopping ou para viagens internacionais. E/ou do apartamento de alto luxo onde residem para o aeroporto e vão em carros blindados, vidros escuros e acompanhados de veículos com seguranças armados. Também não visitam e/ou passeiam pelas regiões Norte e Nordeste porquanto sem segurança e domínios das quadrilhas organizadas do crime. As que mais intimidam os poderosos e afortunados. E elas só aumentam diante da ausência do Estado e da punição da Justiça.

              Os filhos dessas elites poderosas, especialmente representantes de bancos, grandes empresários das maiores empresas do Brasil aplicadores no mercado de capital, contas volumosas do exterior e/ou paraísos fiscais que sucederão aos pais nobres, ricos e poderosos terão o mesmo comportamento de insensibilidade e indiferença; consequentemente nada disso lhe dirá respeito. Pois, repetem afrontosamente, que é problema do Estado e solução porque ele e suas empresas já pagam os impostos e empregam alguns brasileiros nos seus grupos empresariais.

              Eles, os filhotes vaidosos dessa elite raivosa, não veem o futuro. Justamente porque, no presente, percebem milhões em dividendos, em juros das aplicações financeiras dos seus recursos altamente remunerados nos ativos dos bancos federais e privados.

              A enorme dimensão e extensão desse problema gravíssimo de dificuldades porque passam esses milhões de brasileiros, logo mais haverão de ver os resultados e/ou consequências dessas suas atitudes oportunistas e de indiferenças, que resvalam para a incoerência e a falta de compreensão desses ricos que subestimam os pobres, agravando mais ainda o cenário de carência e de dificuldades impostas pelos ricos.

              Entretanto, esses poderosos e afortunados podem ficar certos de que não adianta ficar nos seus condomínios fechados com segurança, cercas elétricas, muros altos, cachorro de raça perigoso para vigiar seus bens e mais segurança armada 24 horas, que os bandidos violam todo esse esquema aparato de defesa porque estão mais preparados que os seguranças, os policiais, os serviços de segurança particulares e a inteligência dos serviços de segurança pessoal.

              Evidente que a sociedade brasileira, notadamente os segmentos dos poderosos empórios empresariais e os seus dirigentes, enfrentam esse dilema: ter segurança armada 24 horas e/ou minimizar esse problema com a distribuição da renda, que facilitará a vida de muitos brasileiros, para que eles vivam melhor e não pense em praticar delitos. O Brasil e a sociedade nacional têm apenas uma saída para solucionar muitos dos nossos angustiantes problemas: distribuir renda para desconcentrar o patrimônio no poder de parcela mínima da população nacional.

              O fator econômico que mais distribui renda é o pagamento de bons salários. Justamente o que os empresários e a sociedade brasileira não gostam de fazer. Ficam restritos ao pagamento salarial do salário mínimo, que é apenas uma referência; E sempre com a infame alegação de que já pagam impostos, taxas e encargos sociais altíssimos, embora também verdade, mas poderiam oferecer outras vantagens aos operários.

              Consequentemente, sem a distribuição de renda, o contingente de brasileiros que percebem mensalmente apenas R$ 438,00 e/ou R$ 15,00 aumentará inexoravelmente, ainda conforme estudos e os dados técnicos científicos levantados pelo IBGE.

 

Magno Pires é Membro da Academia Piauiense de Letras e o Vice-presidente, ex-Secretário da Administração do Piauí, Advogado da União (aposentado), jornalista, administrador de empresas, Portal www.magnopires.com.br, e-mail: [email protected]