Dilma: concessão será alavanca para o crescimento
O Brasil atravessa um período de ajuste nas contas públicas e, ao mesmo tempo, tem anunciado uma série de medidas para a retomada do crescimento econômico. Segundo a presidenta Dilma Rousseff, esse é o quadro em que se encontra a economia brasileira neste ano. O passo seguinte das medidas será o lançamento de um programa de estímulo às exportações.
“Lançamos um programa de concessão bastante significativo. Esse programa de concessão vai ser uma das alavancas”, afirmou ela, em entrevista coletiva na Bélgica. “Vamos lançar um programa nacional de exportações, que eu acredito também que as exportações brasileiras serão um grande fator de recuperação do País.”
A nova etapa do Programa de Investimento Logística (PIL), lançado na última terça-feira (9), prevê a aplicação de R$ 198,4 bilhões em concessões de rodovias, aeroportos, ferrovias e portos. A construção civil, lembrou a presidenta, ainda terá em breve um impulso com o lançamento da terceira fase do Minha Casa Minha Vida.
“Fizemos 3,750 milhões de moradias. Dessas 3,750 milhões de moradias, entregamos 2,200 milhões. Tem ainda este ano a ser entregue, e um pedaço ainda no ano que vem – que está em construção –, um milhão e pouco. E vamos fazer um programa de mais três milhões de moradias”, salientou.
A presidenta avaliou que a economia mundial passa por uma fase de desaceleração econômica que afeta tanto países de alta renda, como as nações emergentes. Ela lembrou que, nesta quinta-feira, o Banco Mundial reduziu de 3% para 2,8% sua estimativa do crescimento da economia global neste ano.
“Apesar do superciclo das commodities que se encerrou, acho que o Brasil, a China, a África do Sul, a Rússia, todos nós vamos ter uma recuperação. Na América Latina, é importante notar que isso também ocorreu, uma mudança de patamar do crescimento. De um lado por conta dos minérios (cobre), de outro lado por conta do petróleo”, disse.
Ajustes
A inflação no Brasil, segundo Dilma, exigiu medidas macroeconômicas neste ano, como o ajuste nas contas públicas e na taxa de juros. A presidenta afirmou que a alta de preços se deve, em grande parte, aos efeitos da falta de chuva e da desvalorização do real frente ao dólar.
“O Brasil está tomando todas as medidas para se fortalecer macroeconomicamente para construir uma situação estável. Temos certeza que a causa da inflação não é estrutural, ela é conjuntural, é isso que eu estava querendo dizer. Um lado, a seca; o outro lado é o fato de que nós, além disso, sofremos as consequências do ajuste cambial”, avaliou.
Segundo Dilma, o ajuste cambial de R$ 2,50 para R$ 3,10 por dólar é repassado para os preços de produtos, mas não se trata de um movimento permanente e tem seus efeitos no curto prazo. “Essa passagem para o preço não acontece todos os dias, acontece enquanto está essa flutuação”, ressaltou.
A presidenta fez questão de enfatizar que o Brasil não tem um “desequilíbrio estrutural”, como ocorre em outros países onde a desorganização das contas públicas exige planos de austeridade rígidos. Tampouco a economia brasileira está com “bolhas” de excesso de empréstimos bancários.
“Acredito também que no ajuste fiscal nosso, que não é estrutural também, nós não temos uma bolha, nós não tivemos uma bolha de crédito, o Brasil não tem um sistema financeiro com problemas. Nós não tivemos nenhuma situação que caracteriza desequilíbrio estrutural”, disse a presidenta.
Ela acrescentou: “Temos que fazer agora o nosso ajuste porque houve uma queda no crescimento. Nós fizemos de tudo. Reduzimos imposto, ampliamos o crédito, subsidiamos taxa de crédito e, agora, esgotou a nossa capacidade fiscal. Você tem que recompor a capacidade fiscal e continuar”.
O Brasil, segundo Dilma, também conta com bases mais sólidas para honrar seus compromissos financeiros. Não há, por exemplo, pressões sobre a dívida pública. Outros países enfrentam o peso do endividamento. Como disse a presidenta, o mundo já carrega “sete anos de crise nas costas”.
“Temos dinheiro para pagar a dívida, sobrando. A nossa dívida é menor, a nossa dívida externa, hoje nós somos credores”, disse ela, lembrando que o Brasil tem US$ 370 bilhões de reservas internacionais para pagar a dívida externa. “A situação do Brasil é completamente diferente. Agora, todos os países, quando sofrem as consequências de uma crise da proporção dessa, têm que fazer seus ajustes.”
Fonte: