Literatura

DISCURSO DE MAGNO PIRES EM HOMENAGEM AO AVÔ ALFREDO PIRES LAGES

DISCURSO DE MAGNO PIRES EM HOMENAGEM AO AVÔ ALFREDO PIRES LAGES

ALFREDO PIRES LAGES

E

ROSA REBELO DO REGO

 

I – INTRODUÇÃO

 

         Foi um influente político e rico proprietário rural, além de forte comerciante e agropecuarista. Membro de tradicional e poderosa família piauiense, quiçá brasileira, com origem nas cortes portuguesas.

         O seu principal patrimônio era constituído e/ou formado por uma extensa área rural de aproximadamente 12.090 hectares de terra, quase todos cobertos de babaçuais, tucunzais e carnaubais, cujos produtos formatavam a base principal e o sustentáculo sócio-econômico prioritário do comércio e dos seus negócios na Fazenda Esperança, com a Casa Esperança.

         O criatório de gado, de caprinos, de ovinos e de suínos, todos em regime extensivo, que era o costume, também constituía a outra característica econômica das transações comerciais da Fazenda.

         As grandes plantações de arroz, milho, feijão, mandioca e fava nos roçados, tendo os agregados como a força de trabalho principal, também formavam a riqueza de Alfredo Pires Lopes, cujos produtos, guardados e preservados em paneiros e grandes paios, eram os alimentos que mantinham todo o núcleo sócio-antropológico da Fazenda.

         A estrutura social e antropológica da fazenda e/ou da Comunidade Esperança era formada por uma grande quantidade de agregados e/ou caboclos que morava na fazenda e constituía a mão de obra trabalhadora de todo o empório comercial.

         Até as décadas de 50/60 a matriz econômica brasileira compunha-se em torno de um conjunto econômico predominantemente rural/agrária e/ou eminentemente fundiária, com grandes proprietários rurais, fazendeiros, comerciantes, produtores de grãos em regime semi-feudal e/ou feudal, ainda com fortes vícios da escravatura.

 

         Era esse o cenário que repercutia e formava a tradição sócio-econômica-cultural, com o forte entrelaçamento político dos chamados coronéis da política e do latifúndio brasileiro, que controlavam as decisões políticas do Brasil a partir de suas grandes fazendas e da enorme quantidade de agregados, que também eram eleitores.

         Nenhum político, tampouco qualquer sociólogo e antropólogo, haverá de analisar, estudar e compreender a base sócio-econômica brasileira, sem observar essas fortes anotações e características da sociedade rural nacional.

         O sociólogo Gilberto Freyre, melhor do que qualquer outro estudioso da formação rural do País ou da Casa Grande e Senzala, com suas ramificações na escravatura, traçou a mais perfeita relação existente entre os grandes fazendeiros e os caboclos e/ou agregados ou escravos utilizados na mão de obra das fazendas de gado, de cacau, de cana de açúcar, e dos plantios de arroz, milho, feijão, mandioca do país.

         Evidente que nós, todos parentes de Alfredo Pires Lages e de Rosa Rebelo do Rego, não temos que nos abespinhar, intimidarmo-nos e envergonhar-nos do passado, das relações de trabalho de então, porque elas representavam a matriz econômica do país.

E assim foi no mundo, na Europa, na Inglaterra, nos Estados Unidos, de Portugal para o Brasil, que, como outros países, também mantinham essa relação de trabalho; como norma e força de trabalho, e de enriquecimento das elites nacionais e estrangeiras.

         Agora, pretendermos manter essa relação de trabalho escravagista e/ou os seus vícios, ainda presentes na sociedade brasileira, é que se constituirá a mais ignominiosa das condutas porque o país cresceu e se desenvolveu e requer outro comportamento de todo os seus cidadãos, de todos nós, inclusive.

         Querer contrapor-se a essa nova conduta e matriz econômica, que das décadas de 50/60 para , vem se formatando, é que não será mais admissível. A vanguarda espera de todos, inclusive de todos nós, um novo olhar de análise, de compreensão, de construção e de mudança, porque assim viveremos com tranquilidade. E sem os grandes sobressaltos da atualidade, porque sem esse olhar, repito, não haverá serenidade, tampouco solidariedade, fraternidade e igualdade.

         Após as décadas 50/60, o País vivencia fantástica mudança, com a industrialização, com forte reorganização sócio-política-econômica-cultural, com a criação dos sindicatos rurais, dos assentamentos, repercutindo fortemente no meio rural; e com as reações, também normais, dos grandes proprietários rurais, porque perdiam a mão de obra barata. Além disso, as comunidades quirambolas, que se intensificavam no Brasil e exigiam nova conduta da sociedade e do governo da União relativamente aos seus antepassados. E pretendendo indenização pelo resgate de sua tradição cultural

         O que mais caracterizou a perda de poder dos grandes fazendeiros do Piauí e do Maranhão, diferentemente de outros estados, foi a falta de uma outra alternativa econômica do proprietário rural, para substituir a matriz original, fincada na agricultura, no comércio e no criatório de gado, na indústria extrativista do babaçu, da cera e do tucum, que perdiam relevância e poder no mercado interno e no internacional. Então, a maioria sucumbira à pobreza, passando a criticar fortemente o homem do campo por sua situação de pobreza. Mas, nem sequer o homem do campo era o culpado, menos ainda o fazendeiro, tampouco o governo federal, era o país que estava mudando, crescendo, desenvolvendo-se. Era uma nova ordem econômica que se aproximava. Eram novos horizontes que se reorganizavam com a substituição da matriz econômica.

 

II – VOVÔ ALFREDO E IRMÃOS

 

VOVÔ ALFREDO PIRES LAGES, era filho de Maria de Assumpção Pires Ferreira e Manoel Rodrigues Lages, membro de uma prole de mais de 10 irmãos, 9 com o sobrenome Pires Lages e apenas 2 com Rodrigues Lages, conforme relação nominal a seguir: 1) José Rodrigues Lages, 2) Maria de Assumpção Pires Lages, 3) Lina Pires Lages, 4) Manoel Rodrigues Lages Filho, 5) Eloy Pires Lages, 6) Antônio Pires Lages, 7) Henrique Pires Lages, 8) Alfredo Pires Lages, 9) Philomena Pires Lages, 10) Adélia Pires Lages e 11) Luís Pires Lages.

 

 

III – NOSSA BISAVÓ E BISAVÔ

 

MARIA DE ASSUMPÇÃO PIRES FERREIRA, nascida em 18.4.1845 na Fazenda Tem , no município de Barras, e falecida na Fazenda Esperança, no município de Barras. Casou-se em 8.12.1860 na Fazenda Esperança com seu primo Manoel Rodrigues Lages, nascido em 20.02.1836 na Fazenda Descuido, no município de Barras (hoje no município de Nossa Senhora dos Remédios) e falecido em 28.12.1880 na Fazenda Esperança e foi sepultado na Igreja do Peixe (hoje, no município de Nossa Senhora dos Remédios).

 O nosso bisavô MANOEL RODRIGUES LAGES, pai de nosso avô Alfredo Pires Lages, era fazendeiro; capitão da Guarda Nacional.

 

IV – FAZENDA DESCUIDO

 

         A fazenda Descuido, dos Rodrigues, era uma das três casas grandes do Peixe, que com a fazenda Peixão, dos Rego, e a fazenda dos Morrinhos, dos Araújo Rocha, deram origem à localidade.

 

V – FAZENDA ESPERANÇA

 

A fazenda Esperança foi recebida por Maria da Assumpção Pires Ferreira, nossa bisavó, como dote de casamento dos seus pais: Maria do Patrocínio do Rego Castelo Branco e do tenente-coronel da Guarda Nacional José Antônio Rodrigues ( nascido em Portugal, e falecido em 1877 na Fazenda Descuido e sepultado na Igreja do Peixe).

 

VI – FILHOS E FILHAS VOVÔ E VOVÓ

 

O vovô Alfredo Pires Lages e a vovó Rosa Rebelo do Rego foram pais de 13 filhos: 1) Alzira do Rego Lages, 2) Alceu do Rego Lages, 3) Maria do Rego Lages, 4) Edson do Rego Lages, 5) Clarice do Rego Lages, 6)Alcides do Rego Lages, 7) Edith do Rego Lages, 8) Gladston do Rego Lages, 9) Mary do Rego Lages, 10) Manoel do Rego Lages, 11) Maria de Nazaré do Rego Lages, 12) Haydée do Rego Lages e 13) José do Rego Lages. Todos com o sobrenome Rego Lages

 

VII -   NASCIMENTO DATA E LOCAL

 

         O vovô Alfredo Pires Lages, nasceu 9.11.1873 na Fazenda Esperança, em Barras, e faleceu em 6.4.1958 também em Barras. A vovó Rosa Rebelo do Rego, nascida em 7.6.1889, na Fazenda Cágados, e falecida em 24.12.1921 na Fazenda Esperança, em Barras. Vovô enviuvou muito cedo. Vovó falecera com 32 anos.

 

VIII – PAIS DE VOVÓ

 

         A vovó Rosa Rebelo do Rego era filha de Laurentina Maria da Paz Gomes Rebelo (Loura) e de Joaquim José do Rego Filho.

 

IX – ENTRELAÇAMENTO FAMILIAR DOS FILHOS DE VOVÔ E VOVÓ

 

Do entrelaçamento familiar, por casamento, dos filhos e filhas do vovô Alfredo Pires Lages e da vovó Rosa Rebelo do Rego sobressaíram os genros e noras: 1) Alzira do Rêgo Lages, casada com Francisco de Assis Costa (Juca Melo), comerciante em Luzilândia; 2) Maria do Rego Lages, casada com o seu primo legítimo Magno Pires Alves, agropecuarista, fazendeiro, político, prefeito de Batalha por 10 anos; 3) Alcides do Rego Lages, casado com Maria de Lourdes Leite, político, vereador, Prefeito de Barras, fazendeiro; 4) Edith do Rego Lages, casou-se com Antenor Fortes Rodrigues, comerciante, fazendeiro; 5) Gladston do Rego Lages (Tonzinho), casou-se com Benedita Hilda Torres, fazendeiro e comerciante; 6) Mary do Rego Lages, casou-se com seu primo, Raimundo Pires Lages, funcionário Público Estadual, fazendeiro, agrimensor; 7) Manoel do Rego Lages, casou-se com sua prima, Maria