Blog

EFEITOS DA CRISE ATINGIRÃO O BRASIL

Enquanto as economias mais pujantes e fortes do planeta enfrentam problemas gravíssimos com déficits orçamentários volumosos, moedas depreciadas, taxa de desemprego alta, desconfiança do mercado, desvalorização dos ativos das empresas, crise pontuais internas como o desastre nuclear japonês, a bolha imobiliária americana, o Brasil surfa numa onda de estabilidade política e econômica, embora com situações peculiares internas estruturais seriíssimas que obstacularizam um desenvolvimento econômico mais rápido, maior e sustentável porque convive com acentuadas desigualdades sociais e econômicas históricas por conta da vergonhosa concentração de renda, de difícil remoção e/ou extinção porque os 10% mais ricos, que detêm 75% da riqueza nacional e os políticos não atendem os anseios tradicionais da maioria da sociedade que clama por distribuição e/ou desconcentração de renda, educação decente e de qualidade para todos e mais investimentos em ciência e tecnologia.             Os Estados Unidos, país mais rico do planeta, e a Europa, juntamente com o Japão, detinham a liderança mundial e comandavam os negócios planetários. Mas, os Estados Unidos, Japão e a Comunidade Européia, embora ainda representem a maior parcela da riqueza global, perderam a confiança das demais nações por conta de crises econômicas internas que se lançaram mundo afora, gerando prejuízos e causando transtornos irrecuperáveis em curto prazo, com a conseqüente desestruturação das transações industriais, comerciais e de serviços. A desconfiança nos mercados dessas regiões implantou o medo e a fobia nas demais nações. O mundo vive essa perplexidade, com muita instabilidade, que ainda não se delineou se será de médio ou longo prazo. Contudo, será grave e todas as nações sofrerão as suas drásticas conseqüências, com maior intensidade às nações do primeiro mundo.             Há um sentimento de que os países emergentes ou os BRICS – Brasil, Rússia, Índia e China serão os sustentáculos da crise; que essas economias darão respaldo, minimizando os seus efeitos no planeta, porque estão melhor estruturados e não tem problemas eventuais que desorganize suas estruturas econômicas e financeiras. Evidente, entretanto, que os ativos financeiros e/ou os capitais financeiros especulativos, excedentes nessas economias, deverão se dirigir para as nações detentoras de estabilidade, salvando-se dos problemas internos de origem.             O Brasil, evidentemente, está numa condição privilegiada; porque dispõe de 364 bilhões de dólares de superávit na balança de pagamento; R$ 420 bilhões de depósito compulsório nos bancos; recursos esses que poderão ser lançados no mercado para combater uma eventual crise, sem que desestruture a economia nacional. Tem um setor bancário bem estruturado e forte. Isto é, o país tem mecanismos de proteção e defesa. Os países em crise se endividaram muito e ficaram sem capacidade de pagamento, o que não acontece com o Brasil. Ademais, está exportando muito bem. O Brasil, entretanto, não poderá ficar indiferente à crise global. Terá os benefícios da crise, recebendo investimentos e recursos financeiros internacionais especulativos, mas poderá receber conseqüências desagradáveis se for de longerrimo prazo.             Todas as economias do planeta, com maior e/ou menor intensidade, sofrerão repercussões positivas e negativas, justamente porque a globalização das transações industriais, comerciais e de serviços impõem essas circunstâncias. E o Brasil, não obstante as medidas tomadas para desconcentrar renda, será alcançado de alguma forma pelos seus efeitos globais.