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ESTADO DO GURGUEIA? SIM(II)

    A Constituição da República dos Estados Unidos do Brasil de 24 de fevereiro de 1891, carta derivada da Constituição Política do Brasil de 25 de março de 1824, nosso primeiro documento regulatório constitucional, previa no art. 3º: “Fica pertencendo a União, no Planalto Central da República, uma área de 14.400 quilômetros quadrados, que será oportunamente demarcada para nela estabelecer a futura capital federal”. Era a ideia de integração do país e a exploração e o desenvolvimento do Centro-Oeste concebidos pelos constituintes de 1891. Também na concepção o ideal de segurança nacional porque a vasta região  brasileira, composta  pelos cerrados, até então inexplorada e improdutiva.

    Mas, exclusivamente, o arroubo e genialidade do ex-presidente Juscelino Kubitschek, com visão de estadista, impuseram-lhe a decisão de fazer cumprir o mandamento constitucional, contido na carta de 1891, quase setenta anos depois, enfrentando fortes  criticas de uma nação submetida ao atraso político e geracional e profundamente conservadora.     O administrador e o líder, para construírem o que foi idealizado e/ou materializar as idéias em programas, planos e projetos, determinam-se suplantar todas as adversidades que se lhe antepõem, entrepõem e pospõem. E foi justamente o que fez o presidente JK. Mostrou ao povo brasileiro que, como gestor e líder, poderia transferir a capital do Brasil, para o Planalto Central, construindo Brasília, e dar os eixos do desenvolvimento integrado daquela inóspita região ao restante do país. E fazê-la  produtiva alguns anos depois. Falta um líder para tornar o estado do Gurgueia realidade.     O ex-senador Joaquim Pires, certamente o mais prestigiado dos homens públicos do Piauí, já falava na divisão do Estado, com a criação de uma unidade federativa no Sul para retirar milhares de piauienses da pobreza e distribuir renda.  Esse sentimento continua vivo. É um imperativo jurídico-politico e uma alternativa econômica irrefreável, impostergável. Todos os homens sensatos defendem a ideia, mas os maniqueístas permanecem fechados como ostras. Negam esse direito inalienável ao Sul. O senador Joaquim Pires foi fervoroso na defesa.     Agora, com vitória do ex-deputado federal, ex-presidente da Assembleia Legislativa do Piauí, ex-Presidente do TCE e Membro da Academia Piauiense de Letras – APL, Jesualdo Cavalcante Barros, à Prefeitura de Corrente, ressurgem e reanimam as ideias para prosseguir fervorosamente a luta pela independência do Sul do Estado, com a criação do Estado do Gurgueia. Conheço Jesualdo desde a década de 60, época dos fortes movimentos estudantis nos quais sempre se destacou pela vibração e pertinência das propostas. Corrente, portanto, será (re)canto e epicentro de onde serão lançados os movimentos para materialização do Gurgueia. E o líder possui mandato popular, além da sua vasta e inegável experiência política e administrativa. Falta, porém, algo diferente, inusitado, para poder surgir o Estado do Gurgueia, como fizeram Juscelino Kubstichek e Siqueira Campos, para criar Brasília e Tocantins, respectivamente.