Estudo: Sudene mapeia potenciais econômicos da região
Estudo: Sudene mapeia potenciais econômicos da região
Levantamento da autarquia considerou nove setores da economia. Objetivo é aperfeiçoar a distribuição dos recursos do Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste.
Municípios de baixa renda apresentam tendência às atividades econômicas mais tradicionais. Já cidades com renda per capita mais elevada voltam-se a arranjos produtivos mais inovadores. Esta é uma das observações de um estudo realizado pela Sudene sobre os potenciais econômicos da área de atuação da autarquia. A ideia da pesquisa é aperfeiçoar a aplicação dos recursos do Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste (FNE).
O levantamento identificou vocações econômicas estaduais e sub-regionais específicas e também analisou dados de 256 arranjos produtivos dos municípios e dos estados sob influência da Sudene. A abordagem territorial utilizada para a análise das informações utilizou os critérios de classificação dos municípios pela Política Nacional de Desenvolvimento Regional (PRDNE), que classifica as cidades a partir do nível e da taxa de crescimento da renda.
Desta maneira, o estudo pôde apresentar perfis produtivos com informações sobre agricultura, pecuária, arranjos produtivos locais, comércio, serviços, indústria, comércio exterior e emprego. O levantamento também aborda a distribuição de crédito do FNE. “Fizemos análises descritivas e espaciais que nos permitiram identificar o tipo de cultura agrícola predominante no território”, explica a estatística da Sudene, Gabriela Nascimento.
O estudo apontou que os municípios de alta e baixa rendas tiveram valor da produção de lavouras temporárias maior que os produtos da cultura permanente. Já para os municípios de média renda, ocorre o inverso: os produtos que permanecem no solo e proporcionam mais de uma produção foram economicamente mais rentáveis do que aqueles sujeitos ao replantio (temporários). O estudo da Sudene mostra que os produtos de lavoura temporária com maior participação em quantidade produzida na área de atuação da Sudene foram cana-de-açúcar, soja e mandioca, representando, respectivamente 16,7%, 10,3%, e 27,4% da produção nacional em 2016. Nas plantações permanentes, os destaques foram banana (39,9%), laranja (10,5%) e coco-da-baía (82,3%).
Fonte: SUDENE
A Sudene também identificou que há uma tendência de municípios de mais baixa renda integrarem arranjos produtivos mais tradicionais. “Eles ainda são vocação na região, mesmo que menos intensivos em tecnologia. Os empregos nestes locais, por exemplo, estão concentrados em administração pública e nos setores mais tradicionais. Na indústria, a maior participação é a de recursos naturais”, explica Marina Barbosa, economista da Sudene.
A autarquia analisou dados de um levantamento realizado em 2018 pelo Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (hoje Economia), que identificou 256 arranjos produtivos no Nordeste, sendo 15% deles ligados aos setores da agricultura. Pecuária (14%), base mineral (10%) e economia criativa (10%) vêm em seguida. Sobre esta última, o estudo da Sudene percebeu a concentração de atividades econômicas de perfil mais inovador em regiões litorâneas e metropolitanas. “Os arranjos ligados ao setor de Tecnologia da Informação e Comunicação são muito fortes nas capitais, por exemplo. Isso indica que é preciso atuar para interiorizar o desenvolvimento. Este é, inclusive, mote do Plano Regional de Desenvolvimento do Nordeste”, concluiu a pesquisadora.
Cenário pós-covid
O estudo sobre vocações e potencialidades da área de atuação da Sudene será complementado por outra pesquisa a ser realizada pela autarquia. Este novo levantamento vai abordar aspectos sociais e econômicos no âmbito do pós-crise, derivada do Covid-19. A superintendência espera ouvir as classes empresarial e produtiva para estabelecer os marcos da retomada econômica da região, indicando quais setores serão mais sensíveis a respostas mais imediatas com o incremento de investimentos públicos e privados. “Desse modo, a soma dos dois estudos vai nortear a fixação das diretrizes para utilização dos recursos do FNE, que serão apresentadas e discutidos junto ao Conselho Deliberativo da Sudene”, adiantou o superintendente Evaldo Cruz Neto.
O gestor acredita que o trabalho da Sudene vai trazer contribuições para outras ações do Governo Federal. “O texto será de grande valia ao Ministério do Desenvolvimento Regional, que vem formatando uma política pública que utiliza, na região da Sudene, a Bacia do São Francisco (juntamente com o PISF) e a Bacia do Parnaíba, como atores principais das intervenções que englobarão o fomento aos arranjos produtivos identificados”, finalizou.
O estudo da Sudene é resultado de orientação proposta pelo Tribunal de Contas da União (TCU), por meio do a Acórdão 1271/2018.