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FERNANDA LAGES VERAS, OS PROCURADORES E A POLÍCIA FEDERAL
Com a entrada dos Procuradores Federais e da Polícia Federal no brutal assassinato da estudante de Direito Fernanda Lages, o crime será descoberto sem as lamentáveis interferências políticas oriundas de Barras; justamente porque o avô da vítima é político no município, ex-vereador. E que não sobre para os vigias a responsabilidade da materialidade do crime. Essa moça deve ter sido conduzida para o interior dessa obra em construção já sem vida por alguém com acesso fácil ao local. E conhecido. Alguém estranho jamais entraria na obra. Pode também ter sido assassinada em outro lugar e conduzida à obra porque os vigias não teriam ouvido ruídos e nem gritos no interior da construção.
Lamentável também é o delegado Mamede Rodrigues ter renunciado a presidência do inquérito a pedido de um ex-deputado. A polícia é do Estado. Deve defender os cidadãos. Portanto, o delegado deverá ser ouvido pela Polícia Federal para dizer as razões do seu afastamento do caso. E qual o interesse dessa autoridade no seu afastamento das investigações? Ainda bem que a Polícia Federal está atuando também na elucidação do crime.
A elite política e empresarial do Piauí precisa compreender que os interesses particulares estão deixando de suplantar os de natureza pública. Por que há um novo modelo de forma de Estado se construindo no Brasil.
Os órgãos institucionais, mormente os federais, não estão mais sensíveis às particularidades de pessoas e famílias e/ou de grupos.
Os agentes públicos não são mais suscetíveis aos interesses individuais.
Portanto, a entrada da Procuradoria da República e da Polícia Federal representa essa nova moldagem da Administração Nacional, ainda que se diga que o prédio em construção, onde a Fernanda Lages foi morta e/ou encontrada sem vida, seja de propriedade da União Federal.
Não é um crime de fácil elucidação, pela suas características de torpeza de maldade, e com gente de posição social possivelmente elevada envolvida e querendo atrapalhar as investigações para desvirtuar os rumos das averiguações, para não descobrir o verdadeiro responsável por essa brutalidade humana incomum.
Se esse ex-deputado influenciou na saída do delegado, ambos devem ser ouvidos pela Polícia Federal. A profissionalização das polícias começa com os seus agentes agindo com isenção.