HISTÓRIA DA PARÓQUIA DE NOSSA SENHORA DAS BARRAS (DO MARATHAOAN) DE ANTENOR REGO FILHO
HISTÓRIA DA PARÓQUIA DE NOSSA SENHORA DAS BARRAS (DO MARATHAOAN) DE ANTENOR REGO FILHO
Magno Pires
Não será fácil. Tentarei, entretanto, aproximar-me dos relatos de Dilson Lages, Ribamar Garcia (em carta), do nosso arcebispo de Parnaíba, dom Juarez Souza da Silva, que prefacia a obra, ... Tenho pouca ou quase nenhuma afinidade com assuntos literários da Igreja no Piauí, bem assim da religiosidade dos piauienses. Embora católico, porém, praticante de ocasião; no entanto detentor de muita esperança, de fé e crença nos ensinamentos de Cristo.
Os religiosos disseminam não só amor, afeto, caridade..., mas também constroem uma obra de beneficência grandiosa, inclusive mantendo colégios e universidades. Consolidada e reconhecida em toda a história a ação da Igreja no mundo. E no Piauí não é diferente. Inclusive por ser o Estado-membro da federação com maior índice de religiosos católicos.
As festas dos Padroeiros nas sedes das cidades dos 224 municípios piauienses denunciam esse profundo sentimento, que se consubstancia a cada ano de louvor no aniversário na reafirmação dos acontecimentos religiosos.
Por conseguinte, não se pode estranhar essa iniciativa louvável e muito difícil de nosso Tena sobre a história da Tradicional Paróquia de Barras. É muita paciência, determinação e amor à terra berço. Essa sua contagiante pesquisa, com passagens de um verdadeiro diagnóstico, me conduz ao acadêmico Dagoberto Carvalho, ao padre Cláudio Melo, ao Padre Raimundo José que têm livros publicados sobre a dimensão espiritual da religião e dos seus monumentos materiais, com uma grande diferença: os dois últimos são religiosos e Dagoberto e Tena são leigos, embora católicos praticantes.
Contudo, os estudos dos nominados são uma espetacular demonstração de afeto e defesa da fé cristã, o que reafirma, iniludivelmente, a exuberante religiosidade do Piauí, o que Antenor Rego enfatiza nesse seu belo trabalho.
A leitura do histórico livro de Antenor Rêgo Filho me conduziu ao passado. Pois, quando jovem ia às festas de Barras, hospedando-me na casa do tio José Lages, com os meus pais Magno Pires e Sinhorinha Lages; eram filhos de Barras e católicos efervescentes. E nessa estada em Barras assistia missas e novenas na Igreja de Nossa Senhora da Conceição de Barras, ainda na original arquitetura – antes da demolição. E após o ato religioso da missa, “participava” dos leilões e andava pelas barracas, apenas observando o forte comércio, às vezes sem compreender aquela multidão de gente em pequeno espaço.
Também a leitura do livro traz-me à memória reminiscências da adolescência, lembrando-me do Monsenhor Uchoa, do Padre Mateus, do Padre Formiga, do Pe. Mário, que os conheci. Embora sem ter havido uma amizade. Eu era uma criança tímida, tola mesma, um Jeca Tatu, na expressão de Monteiro Lobato, indiferente aos acontecimentos da sociedade e da Igreja. Era apenas mais um que não se detinha aos fatos e acontecimentos sociais e políticos, mas tudo ficou gravado e cravado à memória.
O livro de Tena despertou a minha consciência. Assim pude relatar algo ainda não esquecido. Há mais emoção do que coisas e fatos para registrar senão fazendo ficção. Os escritores resgatam a histórias publicando livros, com seus estudos, reflexões, pesquisas. E os livros, estes são os instrumentos que o homem inventou primordialmente para difundir a história e materializar os seus pensamentos. O brilhante escritor Tena e a sua bela história se congregam para formar e contar mais um capítulo extraordinário de Barras e suas tradições religiosas.
Entretanto, meu caro Tenor, tem mais: a sua obra, tão relevante e essencial à compreensão de fatos religiosos e também sociais, políticos e administrativos ocorridos no espaço temporal analisado; e com uma dimensão teleológica, sociológica e antropológica verdadeiramente registrada que deixa o leitor e analista satisfeitos e sem prenúncios de que algum aspecto do relatado não teria ocorrido, mas seria ficção. É a forma científica da pesquisa realizada que engrandece a obra.
A paciência, a pesquisa séria, a análise detida e a reflexão são instrumentos prioritários à construção de qualquer trabalho. E é exatamente isso o que se vê objetivo e materialmente na sua obra sobre a paróquia de Barras, com vasta e quase infinita penetração nos fatos históricos.
O seu estudo não se acomoda apenas com o registro de aspectos históricos mais recentes, adstritos ao espaço geofísico e geográfico de Barras, porém, alarga-o para relatos do Maranhão, de Pernambuco, do Ceará... Enaltece os estudos do Padre Cláudio Melo, com doutorado em Sociologia, pela Universidade de Roma. O seu estudo é primoroso, profundo e compreende séculos de história da Paróquia de Nossa Senhora da Conceição das Barras (do Marathaoan). Porque crava o ano de 1600 quando a Ilha do Caju (Delta do Parnaíba) foi visitada pelo Pe. Antônio Vieira. E em 1727, quando o cacique Manuel Miguel recebe a posse da Ilha do Caju com aproximadamente 10.000 hectares de extensão, composta de mangues, dunas e matas. Era propriedade dos índios Tremembés, catequizados pelos padres jesuítas, considerados valentes e guerreiros. Entretanto, caro Tena, embora a catequese, foram dizimados pelo homem branco. A Ilha do Caju foi arrematada em leilão, finalmente, pelo criador de gado João Paulo Diniz.
Tena, o seu livro é primoroso, valiosíssimo, e é uma fonte de pesquisa coerente e de alcance universal, para todos que desejam compreender exatamente o sentido clássico-científico e histórico da organização e da ação da Igreja de Deus, não apenas no espaço físico-religioso da Paróquia de nossa Senhora da Conceição das Barras do Marathaoan, porém, no intrincado relacionamento e conexão de abrangência planetária da maior instituição religiosa legada à humanidade, por Jesus Cristo. E que é mantida corajosamente, pelos milhões de fieis sob a liderança dos sucessivos Papas eleitos para administrá-la, com o apoio dos cardeais, bispos, arcebispos, padres, párocos, beneditinos, jesuítas, irmãs carmelitas, freiras, diáconos, monsenhores, vigários, irmãs mercedárias...
E a Paróquia de Barras foi gerida por líderes religiosos da dimensão Cristã-humanista de Monsenhor Uchôa, Pe. Formiga e Pe. Mário que os conheci, embora não tivesse amizade, porque eu era uma criança e adolescente indiferente às pessoas, aos fatos e às ocorrências históricas porque estava mais para um Jeca Tatu do que para um espetacular analista e/ou estudioso dos fatos da época, contudo, algo ainda restou na memória, portanto, pude falar sobre sua obra e o meu passado em Barras.
Magno Pires é membro da Academia Piauiense de Letras, ex-Secretário da Administração do Piauí, ex-consultor jurídico da Companhia Antactica Paulista (Hoje AMBEV) 32 anos. Portal www.magnopires.com.br com 107.118.240 acessos em 8 anos e 11 meses, e-mail: [email protected].