Artigo publicado no jornal do Comercio de Pernambuco, em 13/06/79, por *Nilo Pereira.
 
Nunca poderia agradecer a Magno Pires Alves Filho a carta que me enviou, datada de 7 deste, a propósito de uma destas Notas Avulsas (talvez insulsas).
Magno Pires Alves Filho revela-se um espírito admiravelmente inteligente e claro, não porque tenha sido generoso (e até caridoso para comigo), mas porque situou muito bem a nossa realidade brasileira de hoje.
O missivista me apoia quando eu digo que Abelardo Jurema teve um belo gesto (o beau geste dos franceses), indo apertar a mão estendida do Presidente Figueiredo.
Sim, um belo gesto. Por que não? Belo simplesmente porque Abelardo, que não saiu das suas posições politicas, entendeu que um apelo à conciliação merece ser atendido. Ao menos merece ser ouvido de perto por quem o formula, numa hora de transição politica como esta.
Mas, está claro, meu caro Magno, os radicais de direita ou de esquerda, que são os mesmos, não iam aplaudir isso, como não aplaudiram. Que querem eles, os radicais de sempre? Querem que se diga que o Presidente não é sincero. Que está mentido à Nação. Que está criando uma falsa imagem da “abertura” para enganar as massas.
Admitamos, para argumentar, que isso seja verdade. Quem se diminuiria no caso de o Presidente estar iludindo o povo e os políticos? Ele ou Abelardo Jurema, que lhe foi levar, sem interesses subalternos, um voto de confiança?
Noto com tristeza uma coisa: a Oposição radical critica tudo quanto vem do governo. O País está em franco processo democrático. Que competia à Oposição? Incentivar essa marcha para o Estado de Direito. Mas, não. Ao invés disso, o que se diz nos arraiais jacobinos é que a Democracia brasileira, na fase atual, é um engodo e um embuste.
Creio que seria melhor e até mais inteligente se a oposição – onde há grande valores – ajudasse o Presidente a democratizar a Nação, sem concessões à demagogia e à desordem.
Agradeço, meu caro Magno, as suas palavras. Quem escreve, gosta de receber uma carta como a sua. Descontada a parte da sua caridade para comigo, o resto é um evangelho cívico.