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O ASSASSINATO DE FERNANDA LAGES
O Secretário de Segurança Pública, delegado Raimundo Leite, defendeu a instituição e os delegados no programa do jornalista Silas Freire; e assegurou que os policiais são preparados moral e tecnicamente; que a morte de Fernanda Lages será desvendada; que o crime não será politizado; que o governador Wilson Martins determinou todo o empenho da secretaria para prender os responsáveis pelo inominável assassinato da estudante de Direito. Mas, se a opinião pública já estava descrente quanto ao desvendamento do crime, a prisão apenas dos vigias dos prédios, determinada pelo juiz criminal, adicionou mais desesperança na sociedade. Pois, se a prisão provisória poderá oferecer mais convencimento aos policiais e ao juiz, quanto ao crime e os seus responsáveis, por que não decretou a prisão de todos os suspeitos? E por que apenas dos vigias? Eles representam a parte mais frágil e vulnerável desse rumoroso caso. Deve ser ouvido até o delegado Mamede Rodrigues, que abandonou o inquérito, um dia após o assassinato. Deve explicar sua retirada extemporânea da delegacia.
O delegado Raimundo Leite é de carreira e pela quinta vez assume a Secretaria de Segurança Pública, sendo uma referencia técnica e moral nos quadros da instituição policial. Contudo, ainda assim, a imagem da secretaria não está boa; justamente por conta das declarações do delegado Paulo Nogueira, que não foram adequadas pertinentemente ao crime, falando em suicídio.
A teoria de que foi um suicídio ventilada insistentemente, para desvirtuar o rumo das investigações, foi derrubada pelos promotores Eliardo Cabral e Ubiraci Rocha. E foi mesmo um brutal assassinato. Será que Fernanda Lages iria adentrar um prédio em construção, livremente? Não estaria já alquebrada, amordaçada, maltratada, violentada, mutilada ao chegar ao destino – o prédio em construção do Ministério Público Federal? E por que Fernanda iria subir pelas escadas para suicidar-se? E o elevador da construção? Moça bonita, alta e envolvente, que atrairia olhares e atenções onde chegava, iria fazer o quê, àqueles horas, num prédio em construção? Senhor Deus dos desgraçados, tende piedade de min!
A violência foi brutal. Os responsáveis pelo crime não se contentaram em apenas assassiná-la, mas também em punir fisicamente Fernanda, para lançá-la do alto de um prédio, para descaracterizar o crime de homicídio, para especular com tese de suicídio. É um crime doloso. Premeditado, com vontade de fazer.
A prisão dos vigias foi decretada. Os mais frágeis desse rumoroso assassinato. Agora falarão para a Justiça, certamente declinarão o nome de quem pediu para abrir o portão. Esses executores de Fernanda Lages e os seus mandantes haverão de ser presos e condenados. Pois, para não sê-los, terão que ser mais eficientes na materialização do crime que as investigações e diligências da Polícia Civil, da Policia Federal, do Ministério Público Estadual, do Ministério Publico Federal, da Inteligência da Polícia Federal e da Secretaria de Segurança Publica do Piauí, da imprensa e o clamor da sociedade. E se não resultar em nada ou apenas na prisão dos vigias – o lado mais fraco – todos estarão irremediavelmente desacreditados como instituições do Estado de Direito Democrático porque o crime organizado foi o vencedor. Por isso, todos se empenham fortemente à elucidação desse brutal assassinato, para consubstanciar suas credibilidades perante a opinião pública. A sociedade aguarda ansiosa...