Direito

“O Estado deve prestar contas da morte de Fernanda”, diz Eliardo Cabral

“O Estado deve prestar contas da morte de Fernanda”, diz Eliardo Cabral
Quase dois anos após o inicio das investigações, os promotores Ubiraci Rocha e Eliardo Cabral, podem deixar o Caso Fernanda Lages. Ainda não é oficial, pois não há resultado do pedido protocolado junto a Procuradoria Geral de Justiça. Ainda assim, os promotores convocaram uma coletiva de imprensa nesta terça- feira (11) para explicar o motivo do pedido.


Para Ubiraci Rocha, o processo administrativo disciplinar movido pela Corregedoria Geral de Justiça alegando que os promotores seriam desidiosos (negligentes) com o trabalho, foi a gota d’água de uma situação que já estava difícil.

“Quando entramos no caso foi por um pedido da Procuradora Zélia Saraiva; um pedido pessoal para que atuássemos nessa investigação e também nos foi dito que teríamos toda estrutura necessária. No entanto a realidade é outra, trabalhamos nos finais de semana para dar conta tanto do caso de Fernanda, quanto dos cerca de mil inquéritos em que atuamos”. Ubiraci cita exemplos dessas dificuldades: “Pedimos uma cópia do inquérito da Polícia Federal que só foi entregue um mês, pedi um armário e ainda um assessor para nos auxiliar, e esses nunca chegaram”, comenta.

Mesmo com a saída do caso, os Promotores devem pedir ainda duas diligências à Polícia Civil. A primeira diz respeito ao relatório da Polícia Federal que afirma com 100% de certeza que Fernanda Lages esteve na obra do Ministério Público Federal junto com Nayrinha e ainda uma terceira pessoa, uma hora antes de sua morte. “Se a PF tem essa certeza, vamos atrás, exigimos que a Polícia diga quem era, a identificação dessa terceira pessoa pode ajudar a identificar o autor do crime”, afirma Ubiraci.

Os promotores devem ainda pedir uma autópsia psicológica de Fernanda Lages, a pedido da família da jovem, para saber se ela tem o perfil psicológico que justifique o suicídio.

Forças Ocultas

Tanto Ubiraci Rocha, quanto Eliardo Cabral mantém a afirmação de que forças ocultas trabalham contra a elucidação do caso. “Sonho com o dia que esse Estado não investigue apenas ‘pobre, preto e prostituta’, mas toda pessoa que cometa um crime”, afirma.

Eliardo Cabral afirma não ter condições psicológicas para continuar no caso.

“Eu respondo a um processo totalmente atípico no Tribunal de Justiça, ajuizado por um deputado e por capricho, com a intenção apenas de me intimidar. Fora isso eu sou objeto de perseguição, alguém me envolveu, se lançou por cima do meu veículo, e isso foi transformado e divulgado por alguns setores da imprensa como se eu estivesse embriagado vindo de José de Freitas em farra, atropelado sem ter socorrido. Fora isso ameaças e perseguição, e agora por fim, o segundo processo administrativo disciplinar por causa dessa investigação. Que estrutura eu tenho pra suportar? O que eu fiz de errado além de até hoje ter a convicção de que se trata de homicídio? Se eu tivesse concordado? Essa perseguição toda porquê? Por que tanta pressão? O povo que vai as ruas com cara pintada tem o direito de exigir que o estado preste contas desse caso, o Estado tem que prestar contas e ser cobrado a prestar contas disso”, desabafa.

Caso a procuradora não aceite, os promotores devem continuar a investigação. Caso aceite, outros promotores devem ser designados para tal.
Por Rayanna Mousinho
 
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