>O Governador, o Ministro e a Dengue
A Secretária da Saúde do Piauí, Lílian Martins, foi elogiada, pelas metas e desempenho no combate à dengue no Estado, pelo ministro Alexandre Padilha. Disse mais o carismático ministro Alexandre Padilha da presidente Dilma Rousseff sobre a secretária de Wilson Martins: foi a melhor apresentação do programa que assisti entre os dezesseis Estados visitados. São esses reconhecimentos públicos que agradam aos gestores na escolha de seus auxiliares. Portanto, Lílian está aprovada. E Wilson Martins regozijado. Qualquer critica ao combate à dengue no Estado repercutirá no Ministério da Saúde.
Lílian, realmente, foi desenvolta, didática e segura nas argumentações, bem assim o médico Pedro Leopoldino; não se intimidou nem sequer com a presença do Ministro Padilha; tampouco com a grande quantidade de autoridades, que encheu o Palácio de Karnak. Denotando, também, ao ministro o fantástico prestígio do governador ao levar tanta gente, em um sábado pela manhã, a participar do evento que, supostamente, interessaria mais às classes mais pobres, que moram nas favelas, em bairros sem saneamento de esgoto e água e ruas sem infra-estrutura, repletas de lixo, onde o mosquito dengueano reina com o veneno também mortal.
Se depender, que não dependerá, exclusivamente, dos interlocuções e/ou discursos do governador, do ministro, das apresentações de Lílian, de Pedro Leopoldino e do técnico do Ministério da Saúde, bem como do público, que acorreu ao evento no Palácio de Karnak, no Piauí, o mosquito não terá trégua. Será literalmente combatido e morto. Ação de guerra. Pois, a “força-tarefa” de sensibilização e mobilização exercerá uma irradiação espetacular e intensa entre piauienses; especialmente entre as autoridades públicas responsáveis pela implantação, execução e implementação da louvável campanha.
Porém, o combate ao mosquito transmissor da doença, além do lançamento dessa esfuziante campanha, deverá acontecer para que sejam, por conseguinte, permanente, doradoura e definitiva, a construção das redes de saneamento de esgoto e água e a coleta seletiva de lixo, com implantação de indústrias de reciclagem, de adubo orgânico e aproveitamento do gás metano proveniente do chourume do lixo. A natureza e o meio ambiente agradecem essas providências.
Água tratada, esgoto e lixo exigem ações rotineiras. Apenas o Japão, um país do primeiro mundo, recicla ou trata 50% do lixo produzido. Veja a dimensão do problema! O Brasil nessa área é uma tragédia. Produz 22 milhões de toneladas de lixo por ano. Não recicla nem dez por cento. Possui 1680 lixões nas grandes cidades. Esses lixões reproduzem várias doenças, embora milhares de brasileiros vivam da cota de lixo. Juntamente com ratos, urubus, insetos, cachorros, gatos, moscas e outros bichos domésticos e selvagens.
Portanto, o ministro Padilha terá esses três problemas para resolver na sua pasta: aumentar a rede de saneamento de água e esgoto, viabilizar a implantação das fábricas para reciclagem do lixo da dengue e outras doenças provenientes da falta desses equipamentos públicos físicos e sociais historicamente relegados na construção pelas autoridades brasileiras.