Economia

O MUNICÍPIO DE BARRAS OU TERRAS DOS GOVERNADORES – I

O MUNICÍPIO DE BARRAS OU TERRAS DOS GOVERNADORES – I

O MUNICÍPIO DE BARRAS OU TERRAS DOS GOVERNADORES – I

Magno Pires

 

              Política e economicamente foi um dos municípios mais tradicionais e importantes do Piauí. Sobressaiu-se mais politicamente; pois, cinco governadores do Estado são filhos de Barras. E o babaçu, a cera de carnaúba e o tucum eram os principais produtos que giravam sua economia. Embora ainda produtora de arroz, milho, feijão e farinha de mandioca. Tem também bons rebanhos de gado bovino, ovinos, caprinos e suínos. Esses produtos e esses animais dominam a cadeia econômica do município. É em torno deles que o município desenvolve as suas principais atividades internamente, embora importe grande quantidade de matérias que abastece e fortalece mais ainda sua capacidade econômica.

              O comércio do município é dinâmico, ainda que perca em fôlego para Piripiri e Esperantina; mas notadamente para Esperantina, com os seus vizinhos menores também solapando parte do seu comércio e serviços. Entretanto, Barras é um núcleo microrregional de várias outras entidades municipais limítrofes que buscam complementar os seus segmentos econômicos e outros na Cidade dos Governadores.

              O município detém pequenas indústrias, especialmente no setor alimentar. Também dispõe de indústrias da cerâmica que produz telhas e tijolos de boa qualidade. Há pequenas indústrias de confecção, especialmente artesanal.

              Os babaçuais predominam no município. Justamente por conta das terras que são de boa qualidade. E essa árvore se reproduz facilmente nas suas áreas rurais também pelo índice pluviométrico que é alto.

              As baixadas, várzeas, brejos, lagoas, rios e riachos, em grande quantidade, facilitam a enorme reprodução do babaçu, o qual, de certa forma, impede e/ou dificulta o plantio de produtos essenciais à alimentação do homem como o arroz, milho, feijão, mandioca etc., porque a palmeira babaçu se expande com facilidade.

              Há grande quantidade de terra banhada e/ou alagada por esses cursos d’água que propiciam a produção do alimento e trabalham em prol do homem, porém, parte dos babaçuais tem que ser erradicado em benefício do homem para melhorar a produção das leguminosas.

              A economia barrense entrou em forte declínio quando a amêndoa do babaçu e/ou o seu óleo foi substituído pelo de soja. Inclusive, parte, já produzindo o grão de soja, no Sul do Piauí.

              Além do óleo de soja, a cera de carnaúba, outro produto da pauta de exportação do município, foi substituído por produto sintético importado, em larga escala pelo Brasil. As importações desses sintéticos, que concorriam com a cera de carnaúba, foram um golpe fatal e mortal em Barras e em todo o comércio e a indústria no Estado.

              A exportação da amêndoa do babaçu ainda é feita no município. Entretanto, sem grande motivação econômica, porquanto não é mais fortemente lucrativa. E grande quantidade se perde nos pés da palmeira porque também não há mão de obra suficiente para recolher o produto. É, pois, economicamente inviável pagar-se mão de obra para apanhar nos campos.

              Atualmente, contudo, a sede municipal sobrevive mais da atividade comercial, de serviços e algumas pequenas indústrias, especialmente no ramo de alimentação.

              A educação fundamental e média, bem como a superior são de boas qualidades. Alias, Barras sempre teve bom índice educacional. Inclusive de escolas particulares no passado. Por isso, arrisco-me em dizer que a educação em Barras, no pretérito, era muito melhor mesmo do que a do presente.

              Quando faço esses registros sobre educação, lembro-me de meu tio José do Rego Lages, irmão de minha mãe, médico querido e famoso em Barras e no Piauí, lecionando matérias de sua área específica em colégios do Estado e do município, bem como em escolas particulares.

              Ademais, recordo-me também das festas de carnavais que participei no município nas décadas de 50/60, bem como dos festejos de comemoração da padroeira da Cidade e do município.

              Era o carro do meu pai, percorrendo as ruas da Cidade, com a carroceria cheia de primos e amigos, cantando e gritando as músicas do carnaval da época. Esta reminiscência sempre retorno à minha memória quando entro em Barras e a visito.

              E falando na sede do município, hospedado na casa de tio José, ainda com vovô Alfredo vivo, acompanhado do papai e mamãe, necessariamente minha memória alcança a Fazenda Esperança, o Jenipapeiro e a Santa Fé, além da casa do tio Antenor, onde ainda passei alguns dias da minha infância numa convivência  agradável e inesquecível.

              Na Fazenda Esperança, sempre me chamou a atenção a educação e fidalguia do tio Otacílio Monte e da tia Aidé que tratavam todos com muito amor e dedicação. Sempre perguntavam se estava faltando alguma coisa.

              O tio Manoel Lages, residente da Fazenda Jenipapeiro, também irmão de mamãe, e com quem vovô Alfredo morava, era também extremamente delicado com a gente.

              Era um relacionamento amável e amorável. Muito gostoso!

              O tio Gladston e/ou Tonzinho, proprietário da Fazenda Sta. Fé, era outro de hábitos finos e tratamento amabilíssimo com todos nós.

 

Magno Pires é Membro da Academia Piauiense de Letras e o Vice-presidente, ex-Secretário da Administração do Piauí, Advogado da União (aposentado), jornalista, administrador de empresas, Portal www.magnopires.com.br, e-mail: [email protected].

Foto: Internet