O RACISMO ESTRUTURAL AMERCIANO MATOU GEORGE FLOYD
O RACISMO ESTRUTURAL AMERCIANO MATOU GEORGE FLOYD
Magno Pires
Todos os países do planeta que recepcionaram e mantiveram a escravatura por longos e/ou curtos períodos jamais se despojaram de sua cultura e vícios, perseverando-os e preservando-os, ao longo da história, ainda que substituam esse regime de escravidão racista estrutural, pelas modernas democracias representativas vigentes em várias nações.
Os Estados Unidos foram colonizados pela Inglaterra e conceberam a escravidão nos moldes dos rígidos padrões raciais ingleses, fincando as suas bases tradicionais e históricas, em dezenas de anos de execução; e dificilmente se afastarão e/ou se deslindarão dos princípios, doutrinas, métodos e ações concebidas e impostas pelos colonizadores e senhores feudais imperialistas.
Os resquícios dos regimes escravocratas subsistem, perpetuam-se e se perenizam à cultura prevalecente após a extinção do regime; embora os abolicionistas atuais, que são poucos, e sem o entusiasmo dos líderes do início dos movimentos pela libertação e extinção da escravatura. A própria sociedade senhorial, pós escravatura, luta para que esses vestígios não se apaguem. Permaneçam. Consolidam-se; petrificam-se. Pois, o sentimento do regime que está cravado no subconsciente sempre virá à tona e aflorará irremediavelmente na forma de protestos e quebradeiras como presenciamos nos Estados Unidos neste momento. Em todos os cinquenta estados membros americanos expandindo pelo planeta afora.
Portanto, nem sequer as modernas democracias representativas, como disse, conseguirão apagar esses sentimentos residuais escravistas. E, daí, os antropólogos, sociólogos e cientistas sociais não estranharem essa morte racista de George Floyd, por um militar branco externando, impiedosamente, sua ira e irracionalidade, assistida por quatro outros militares, que não reagiram à irascividade e maldade de colega. Justamente porque carregam os mesmos sentimentos de rancor e ódio racista do colega assassino de crime doloso. Jamais culpado.
Nos Estados Unidos funcionam uma democracia plural, com várias agremiações representadas no Congresso Nacional, porém, apenas duas se sobressaem – Republicanos e Democratas e impõem as regras partidárias aos demais, com a submissão inapelável destas.
Os negros americanos continuarão a resistir, manifestar-se e a protestar e a sociedade americana reage contrária silenciosamente e sem contestações explícitas porque sabem que as instituições ficarão do seu lado e contra os negros na defesa dos vícios históricos e perenes da escravidão. Ainda morrerão muitos negros ícones e líderes contra esse sentimento subjetivo americano do racismo implícito.
Esses sentimentos contidos nos vícios históricos/inapagáveis da forte sociedade americana, entranhado nas instituições e nas representações populares, nunca se apagarão. Eles subsistirão e resistirão sempre. E as forças públicas serão utilizadas para combatê-los e sempre a favor do enorme e conservador complexo social americano. A minoria negra não calará, entretanto, a maioria branca estará sempre em processo de exaustão, de conflito, de aflição, pelo que poderá acontecer no futuro.
A eleição e reeleição presidencial vitoriosa de Barack Obama foi um forte exemplo à reflexão dos brancos; embora ele e a esposa negros, a gestão de Obama foi de harmonia e respeito aos homens brancos e também de proteção do universo da sociedade americana, sem distinção de qualquer uma das raças. Proteger a todos. Assegurou um exemplo de civilização para o planeta, todavia, muitas vezes mais à sociedade americana, que sempre radicalizou racistamente contra os negros.
Os pretextos prosseguirão sem prazo para terminar. O presidente americano Donald Trump (Republicano), lançará contra os manifestantes todo o arsenal de defesa do País: polícias militar e civil, força nacional, armadas do Exército, Marinha e Aeronáutica, serviços de segurança, FBI de repressão contra os negros. Muitos morrerão, outros serão torturados e outros presos. Este será o desígnio desse movimento de protestos de libertação dos negros contra o racismo da sociedade ultraconservadora americana, que deplora historicamente os negros.
Não apenas George Floyd foi torturado à vista de milhares de pessoas nas ruas americanas; também cruelmente asfixiado pelo pescoço até à morte; implorando piedade sem ser atendido; mas também toda a comunidade negra, por um policial truculento na presença de quatro colegas, que não se moveram à defesa do injustamente espancado e morto George Floyd. E, ainda, acusado de crime culposo, quando matou deixando a vítima sem nenhuma defesa, auxiliado pelos colegas também bandidos; e cúmplices desse bárbaro e medieval crime que chocou o planeta em pleno século XXI. Por crime de racismo daloso. Até quando presidente Donald Trump? a sua reeleição está a perigo, mas o forte conservadorismo racista da maioria, poderá desmerecer a morte trágica de Floyd, e reelegê-lo contrariando o bom senso e a razão.
Magno Pires é Membro da Academia Piauiense de Letras e o Vice-presidente, ex-Secretário da Administração do Piauí, Advogado da União (aposentado), jornalista, administrador de empresas, Portal www.magnopires.com.br, e-mail: [email protected]
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