PATRÍCIO FRANCO: POETA, PROFESSOR E POLÍTICO
Ao longo da formação histórica de Urussuhy, muitos foram aqueles que, de forma efetiva, contribuíram em várias fronts, visando o crescimento do município. Muitos foram aqueles que emprestaram o próprio nome, o trabalho e a capacidade intelectual em ações diversas em vários campos. Dentre outros, cita-se José Patrício Franco, que teve destacada participação no processo de ensino e aprendizagem, no universo literário e, de certa forma, na vida política. Nesta, ele atuou, de forma mais intensa e propositiva, no período em que, por duas vezes, foi vereador em Teresina-PI.
José Patrício Franco nasceu no povoado Porto Alegre, município de Jerumenha(PI), em 14 de setembro de 1906. Era filho do casal João Patrício Duarte Franco e Maria Henriqueta Duarte Franco. O seu pai era carpinteiro e foi suplente do Conselho Municipal(Câmara de vereadores), em Urussuhy(1913/1918). José Patrício Franco foi casado com Adelita Duarte Franco. Do casamento vieram filhos, netos e bisnetos. À sua esposa ele dedicou aquele que foi o seu primeiro e único livro de poesias, intitulado “Horizonte Perdido”. Uma publicação que veio após a morte de sua esposa, no princípio da década de 80. Em determinada estrofe de um poema do livro referido, o poeta Patrício Franco, canta aspectos do íntimo familiar: “A nossa intimidade era alegria constante, abençoada/por Deus, desde o momento em que nos vimos pela primeira vez,/namorados, dois anos, noivos, três, finalmente quarenta e cinco/de casados, na comunhão da igreja, no contrato da lei;/uma aliança religiosa, civil, entre/a terra e o céu, unidos na vida”. Ainda no livro supracitado, Patrício Franco faz referência a Maria Henriqueta, sua filha.
Patrício Franco foi caixeiro viajante(atuando entre Uruçuí e Floriano), proprietário de escola particular e professor da rede de ensino em Uruçuí. Neste, nomeia uma escola da rede estadual, localizada no bairro Areia. Também atuou como funcionário público municipal na área administrativa. Em 1942, aos 36 anos, passou a residir em Teresina-PI. Lá, foi Escriturário e Contador do Banco Agrícola do Piauí S/A. Deste, também, foi gerente, diretor e membro do Conselho de Administração. Como bancário, aposentou-se em 1969; foi um dos fundadores da Associação Piauiense de Imprensa; também foi colaborador de alguns jornais da capital, onde publicava artigos tematizando, quase sempre, os problemas sociais do município de Teresina; dentre esses periódicos, cita-se:, “O Dia”, “Jornal do Comércio” e “A Luta; este, era dirigido pelo Bacharel em Direito, jornalista e escritor, A. Tito Filho. Patrício Franco foi membro da Associação Brasileira de Municípios e participou de diversos congressos onde discutiam problemas municipais e buscavam possíveis soluções. É autor dos livros: “Uruçuí, sua história, sua gente(1983)”, “História do Banco do Piauí”, “O Município no Piauí-1761-1961”, “Capítulos de História do Piauí” e o livro de poemas “Horizonte Perdido”. Este, um canto autobiográfico, que versa sobre “amor e morte” e foi publicado em Brasília, em 1981. Na Academia Piauiense de Letras, Patrício Franco foi o segundo titular da cadeira 31, a partir de 30 de janeiro de 1979.
Ainda em Teresina, José Patrício Franco foi eleito vereador em dois pleitos eleitorais: 1951 e 1958. Sempre atuou pelo Partido Social Democrático-PSD. E, no labor político, teve desenvoltura notável na defesa de uma gestão pública voltada para os mais necessitados. E foi nesse intento, que ele representou seu município no III Congresso Nacional dos Municípios, ocorrido em São Lourenço-MG, em julho de 1954. Pela sua atuação nesse congresso, ele foi eleito para o Conselho Deliberativo, da Associação Brasileira de Municípios-ABM. Ainda no campo de atuação política, ele fez parte da Comissão Organizadora do Centenário de Teresina, em 1952.
Um relato sucinto de sua vida pública, foi publicado em 19 de maio de 1989, no jornal O Dia, pelo poeta e historiador piauiense, A. Tito Filho, seu companheiro de jornal e outras atuações. Uma publicação que, mesmo sendo resumida, contribui, de forma significativa, para o enaltecimento da trajetória de José Patrício Franco. Sobre ele, relata A. Tito Filho:” Venceu pelo trabalho e pela honradez. Leal e correto nas amizades que conquistou. Autodidata de rara dedicação ao estudo e a pesquisa, conquistou respeito e admiração. Dedicava profunda afeição à família, por cuja tranquilidade e bem-estar padeceu sacrifícios e enfrentou graves problemas, armado de um caráter puro e grande tenacidade. Sereno e sincero, soube, de conquista em conquista perseverante nos esforços, alcançar posição de relevo em todos os círculos sociais de Teresina. Esteve sempre solidário, em todas as circunstancias, com a sua Academia Piauiense de Letras, que ele honrou mercê de exemplar vida pública e privada. Os seus colegas acadêmicos o tinham na conta de um companheiro da mais alta compostura na convivência saudável de todos os dias”. Faleceu em 10 de abril de 1989.
Pelas menções supramencionadas, conclui-se que José Patrício Franco, por onde passou, deu importantes contribuições à vida pública; contribuições na efetiva atuação como funcionário em empresas públicas ou no legislativo municipal. E também em sua produção intelectual. Os livros, artigos e discursos publicados por José Patrício Franco são peças basilares para quem busca compreender alguns aspectos da história de Urussuhy e Teresina nos primeiros cinquentas anos do século XX. Muitos são os acadêmicos que usam os escritos de Patrício Franco para produção de suas teses acadêmicas.
Anchieta Santana
Historiador uruçuiense