PERDIÇÃO

PERDIÇÃO

 

Elmar Carvalho

 

Por mares de sargaços e enganos

perdi-me na rota

de estranhos portulanos

feitos por arcanos d’antanho.

Por causa de lábios

que falavam de amor

seguindo incertos astrolábios

soçobrei nas tormentas

de algum cabo Bojador.

Egresso de Sagres

dancei a Dança dos Sabres

no mapa de meu destino.

Nas garras da ventania

joguei um jogo de morte

em que tudo se perdia.

No derradeiro naufrágio

encontrei enigmas e presságios

nos búzios que no abismo havia.

E tudo se findou

num veleiro encalhado

em mar de absoluta calmaria.