PIAUÍ: POBRE, MISERÁVEL E CONCENTRADOR DE RENDA (III)
Com 48% de sua população recebendo recursos provenientes do Bolsa Família (países ricos e pobres têm rede de proteção social, portanto, o Bolsa Família deve ser preservado), ainda assim, o numero de pessoas em condições miseráveis no Estado aumentou em 2013. Segundo o IPEA (Instituto de Pesquisas Econômicas e Sociais), órgão da Presidência da República, vinculado ao Ministério do Planejamento, em 2012, o Piauí tinha 272.184 pessoas vivendo abaixo da linha de pobreza, em 2013, esse numero aumentou para 290.638 pessoas, 18.454 miseráveis a mais, apesar dos programas sociais de distribuição de renda. Entretanto, é a primeira vez que o número de pessoas, vivendo em extrema pobreza, aumentou em sete anos, período em que o nível de pobreza caiu sobretudo entre as famílias de baixa renda, por conta do Bolsa Família. A quantidade de miseráveis, relativamente à população representa 9,33%, o que é preocupante porque é muito elevado o numero. Embora muitos países do planeta, configurem um corte muito mais elevado. Mas, pelo Brasil ser a 7ª economia mundial, isto é, o 7° pais mais rico, porem, também, um dos que mais concentram renda no planeta.
E a desigualdade de renda é, certamente, o mais grave problema nacional, conquanto a concentração da renda gera outras graves e insuportáveis distorções sociais e econômicas, com reflexos gravíssimas e imediato em todo o tecido social.
Os empreendedores não investem em áreas deflagradas pela pobreza; os políticos utilizam os miseráveis para manifestar cotidianamente essa condição para fazer “política” e engariar votos, conseqüentemente menter-se no poder; os gestores públicos, na sua maioria, querem que preserve essa condição para renovar os seus mandatos; os serviços públicos são ruins, especialmente educação e saúde, justamente porque quem não se alimenta bem não consegue estudar e, como consequência, os hospitais e casas de saúde superlotam de doentes por conta da fome. Estado de miseráveis, dependentes de auxílios públicos, é campo de proliferação da corrupção, como a maioria dos políticos gosta.
As potencialidades e riquezas do Piauí são enormes e fantásticas. Entretanto, elas permanecem intactas, sem exploração, por ausência de iniciativa dos governantes, embora os cerrados piauienses, desde de 1990, mas lentamente, estão sendo explorados. O principal obstáculo ao desenvolvimento do Piauí é a carência de infraestrutura física e social.
As imensas jazidas de ferro de Paulistana começam a sua exploração industrial. A energia dos ventos na Serra do Araripe, em Marcolandia e Caldeirão Grande, com empresas implantando projetos, para sua comercialização. Entretanto, enquanto isso, Bahia e Pernambuco recebem grandes montadoras de veículos e os seus portos. Unidades da Petrobras se instalam em Pernambuco e Maranhão.
Assim, enquanto no Piauí não se instalarem projetos estruturantes de sua economia tais como: no Ceará, Pernambuco, Bahia, Maranhão, Rio Grande do Norte, a tendência é aumentar o número de miseráveis, conseqüentemente sem pontificar uma economia sustentável, para assegurar a riqueza permanente e extinguir a miséria, tendo como consequência o aumento do emprego e da renda, notadamente entre os que mais necessitam dessa correlação sócio-econômica.
Magno Pires é advogado e Membro da Academia Piauiense de Letras – APL.
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