>PIRÂMIDE DA PONTE
Pirâmide desnecessária. Pirâmide inconseqüente. Pirâmide do acinte. Pirâmide da decisão frouxa com os recursos do contribuinte. Afinal, para que 94 metros de altura da pirâmide da Ponte do Sesquicentenário de Teresina? Apenas para se vislumbrar a miséria do alto, deixando-nos cada vez mais distantes do sofrimento de milhares de teresinenses que habitam as favelas, em casas de taipa, cobertas de palha, e sem saneamento de água e de esgoto, sem calçamento e arruamento, e energia de péssima qualidade.
Esses 94 metros de altura de torre da ponte, em ferro, cimento, areia... dariam para construir muitas casas dignas para minimizar as dificuldades de milhares, que moram em palafitas, em péssimas condições de habitabilidade, infestadas de mosquitos.
Enquanto os governos constroem essa ponte, com uma pirâmide de 94 metros de altura, que servirá para os teresinenses ostentarem a “riqueza” num ponto de encontro olhando a cidade, milhares de teresinenses encontrarão imensas dificuldades na administração de sua “riqueza”, mesmo convivendo com a opulência dos ricos, através da suntuosa ponte, com torre de 94 metros para visualização panorâmica da capital.
A inutilidade da torre é visível. Esse imenso bloco de cimento e ferro impõe-nos um olhar crítico e de desaprovação. Caracteriza a nossa profunda indignação relativamente aos 7 milhões de brasileiros que não têm casa e/ou moram em situação de risco profundo. Inclusive em área de grande risco de alagamento.
Não discuto a edificação da ponte, mas da inútil torre estaiada, mesmo considerando a construção de um restaurante de alto luxo, também para os afortunados freqüentarem.
Os administradores, construtores e políticos continuam irmanados para explorar e desviar dinheiro público. A torre panorâmica estaiada enfrentará as investigações “de praxe”. Os administradores jamais deveriam ter aceito uma planta dessa magnitude. Quantas casas, quantas fossas, quantos quilômetros de saneamento poderiam ser construídos com o dinheiro gasto nessa pirâmide!