Gestão

RESGATE DAS FUNÇÕES DA F. CEPRO

 
                A Fundação Centro de Pesquisas Econômicas e Sociais do Piauí – CEPRO também não se livrou da ação inominável dos censores do movimento político-militar de 1964 – a “dita revolução de 64”. Como centro de inteligência e de conhecimento, como entidade disseminadora de saber, foi podada profunda e radicalmente em suas funções essenciais e constitucionais. Por ser  núcleo de cultura, de ciência e de pesquisa, formadora de opiniões, incompatível, portanto, com os ideais do Golpe de 64. Esse acervo foi desmontado irremediavelmente pelos sucessivos governadores, embora órgão imprescindível ao Estado, posto que de pesquisa, para identificar, diagnosticar, construir e/ou formular os atributos necessários à implantação de projetos, planos e programas. São as entidades de pesquisa que identificam as condições cientificas, técnicas e financeiras à implementação de empreendimentos. E suas viabilidades técnicas-econômicas são também ouscultadas pela Fundação CEPRO, tal qual os médicos nos seus procedimentos. Essa função é atribuída à CEPRO, entretanto, o pós 64 desconsiderouisso e o Estado passou ao empirismo na identificação dos investimentos e daí adveio o insucesso e o atraso sócio, econômico, político e cultural, com a improvisação como base a sedimentar a execução dos investimentos.
                As fenomenais e grandiosas atribuições da F.CEPRO, no universo socio-econômico, principalmente, prevalecem sobre qualquer outra instituição, conquanto tudo é dimensionado com base cientifica. Mas, os governantes, com receio das injunções militaristas, preferiram obedecê-las a defender as bases racionais e cientificas de suas pesquisas, que eram despolitizadas, porque fundamentadas no racionalismo técnico-cientifico.
                O país, estado-membro e/ou a região que não procura orientar os seus investimentos à base de pesquisas, que devem anteceder à decisão para a sua implantação, o destino desse projeto de investimento é fracassar. O Piauí, embora rico em potencialidades, em grandes riquezas, subestima esses instrumentos de detecçãode projetos; por isso, uma razão, talvez a principal, de permanecer o estado-membro com o menor PIB do Nordeste e um dos últimos do Brasil. E, embora detentor de enormes riquezas: ferro, gás, petróleo, calcário, água abundante, 8 milhões de hectares de terra nos cerrados aproveitáveis ao plantio de grãos. Tudo praticamente inexplorado, sem produzir os bens materiais e espirituais para o bem do ser humano, conforme exalta Reis Veloso.
                A CEPRO teve o seu período áureo. De grandiosidade no desenvolvimento de suas pesquisas: na década de 70 e até a metade da de 80. Entretanto, após esse período, a instituição passou (e passa) por um longérrimo momento de desaquecimento, de pouco produção técnico cientifico a ponto de se pensar em encerrar as suas atividades. Contudo, o bom-senso prevaleceu e a CEPRO foi preservada, entretanto, praticamente sem exercer plenamente as suas essenciais funções.
                Os trabalhosproduzidos pela F. CEPRO têm igualdade cientifica àqueles elaborados pelo IPEA, pelo IBGE, pela Fundação Joaquim Nabuco, pela FGV, pela Fundação Gilberto Freyre, pela SUDENE, pelas universidades..., porém, esse patrimônio estava desativado e praticamente lançado na lixeira. É o Piauí rico, sem pesquisas, querendo se desenvolver sem base cientifica, o que é logicamente impossível,
                O governador Wilson Martins (PSB) certamente sensibilizado com a condição improdutiva da Fundação e vendo a falta que as pesquisas fazem, determinou a sua reorganização técnica-administrativa, cientifica e financeira num instante em que também contrata uma assessoria para elaborar um plano de desenvolvimento sócio econômico sustentável de longo prazo para o Piauí. E, nesse contexto, exclusivamente a CEPRO poderá ajudar na identificação das potencialidades do Piauí, fazendo um diagnostico para os próximos 50 anos, com inúmeros de seus melhores técnicos e cientistas auxiliando nesse audacioso projeto.
 
Magno Pires Presidente da Fundação Centro de Pesquisas Econômicas e Sociais do Piauí (CEPRO) e Membro da Academia Piauiense de Letras – APL.