Resistência à Sombra da Ditadura
Resistência à Sombra da Ditadura
Nos idos de 31 de março e 1º de abril de 1964, o Brasil conheceu a sombra sinistra do golpe militar. Enquanto o país se via envolto na trama dos conspiradores, um dos instantes mais decisivos foi testemunhado pelo jovem militar piauiense Dr. Jonathas Nunes. No epicentro desse turbilhão histórico, enquanto os poderosos tramavam nos corredores do poder, Nunes estava na vila militar, no Rio de Janeiro, onde testemunhou o pulsar dos acontecimentos que sacudiam a nação.
Enquanto General Olympio Mourão se lançava em uma cruzada golpista de Juiz de Fora ao Rio de Janeiro, uma carta na manga do Presidente João Goulart poderia ter mudado o curso da história. A proposta do Brigadeiro Rui Moreira Lima de conter a rebelião militar com bombardeios foi recusada, pois Goulart, embora em minoria, ainda acreditava no diálogo como via de solução.
Em um quarto de hora que ecoaria pela eternidade, Jonatas Nunes se viu confrontado com uma escolha crítica. Um mensageiro trazia a proposta de um avanço militar sobre a Escola de Material Bélico, um gesto que poderia ter inflamado uma situação já volátil. Mas, em um ato de coragem e lucidez, Nunes optou pela prudência, adiando o confronto que poderia ter custado vidas preciosas.
Enquanto isso, nos bastidores do poder, a trama se desenrolava. A autoproclamação de Costa e Silva como Ministro da Guerra e a ascensão de Orlando Geisel à Comandância da Vila Militar pavimentavam o caminho para o regime ditatorial que se seguiria. Porém, mesmo diante da voragem do autoritarismo, vozes como a de J. Nunes, embora silenciadas, resistiam, mantendo a chama da democracia acesa.
O presidente Goulart, buscando resistir ao golpe, deslocou-se para Porto Alegre, mas sua fé no diálogo e na paz acabaria por selar seu destino. Ao recusar ações que levariam a derramamento de sangue entre irmãos brasileiros, ele personificava a luta pela democracia em meio ao caos daqueles dias sombrios.
Hoje, sessenta anos após aqueles eventos cruciais, o testemunho de Jonathas Nunes ressoa como um farol de esperança. Sua escolha pela paz e pela razão, mesmo em meio à tempestade da história, é um lembrete de que, mesmo nas horas mais tenebrosas, a humanidade pode brilhar. Que sua história sirva de inspiração para as gerações futuras, lembrando-nos sempre do valor da democracia e do poder transformador do diálogo
Frederico A. Rebelo Torres -Academia de História do Municípios Oriundos de Campo Maior - AHMOCAMPI/ ALB /ALVAL