Política

A GESTÃO MICHEL TEMER

 A GESTÃO MICHEL TEMER

         Contemplar todos os partidos da base governamental com cargos da administração federal é do fundamento e da essência (ou vício) do infame presidencialismo de coalizão; desde o governo Vargas, ainda que sob uma ditadura ferrenha e depois num governo constitucional. Os governos militares também exerciam essas “conveniências” partidárias, embora na era Vargas e dos generais presidentes, não tivesse essa praga e proliferação de tantas agremiações; fazendo jogo político, mais movido por interesses pessoais, familiares, patrimoniais, corporativos, empresariais, sindicais, estritamente partidários... E sem levar em conta os interesses superiores do país e as soluções dos graves problemas nacionais, que são enormes, profundos e estruturais e só se acumulam, sem resolução, por décadas e gerações. Mas, não obstante esse cenário, o país teve momento de desenvolvimento econômico formidável, todavia com o agravamento de questões essenciais, sem solução, na saúde, na educação, na segurança, na infraestrutura...

         Da década de 40/50, ou mais precisamente de 50/60, para os dias atuais, o Brasil deixou de ser uma nação agrária, de grandes proprietários rurais, semi-feudal ou feudal, com ainda vicios da escravidão, para pontuar entre os paises que mais cresceram no planeta; tornar-se uma potencia industrial e econômica; figurar entre as dez nações mais ricas e desenvolvidas do planeta; ser grande exportador no agronegócio; nenhum pais no mundo logrou esse fenomenal êxito, embora, ressalto, ainda com problemas gravíssimos estruturais, sem solução. Situações fundiárias, por exemplo, sem resolução, embora os avanços obtidos.

         Todas as administrações fazem (ou fizeram) a sua parte. Tem que se reconhecer. E tentaram fazer muito mais dentro das condições que se apresentavam no momento e/no período. Os ex-presidentes Vargas, Goulart, JK, Jânio Quadros, os Militares, Sarney, Collor, Itamar, FHC, Lula e Dilma todos construíram sua parte; nenhum deixou de realizar algo em prol do país, com maior e menor intensidade. Ainda que, no período de um e outro, os nossos problemas tenham se agravado intensamente, por falta de decisão, determinação e coragem para enfrentá-los. E acima de partidos e lideres. Todos também tiveram adversários, opositores, inclusive Vargas e os militares sob ditaduras. Uns deixaram o governo por pressão popular (militares e Collor), suicídio (Vargas) renuncia (Jânio Quadros) e decisão Judicial (Dilma), por exemplo.

         O professor, mestre, doutor em Direito, constitucionalista e líder político Michel Temer assume a administração do Brasil num momento de grande gravidade política, econômica e gerencial, com a saída constitucional e política (determinação do Supremo Tribunal Federal e do Congresso Nacional) da presidente Dilma Rousseff (PT), cujo partido está há 13 anos no poder.

         Essas passagens e/ou cenários Michel conhece muito bem. É emérito constitucionalista. O Brasil já conviveu com esse quadro. Gerenciá-lo não será fácil. Ademais com um arco grandioso de coalizão partidária. Todas as situações, entretanto, tiveram solução. Esta também o terá. Contudo, Michel terá que ter muita habilidade, serenidade, autoridade, determinação, firmeza e clareza com os aliados, com a sociedade e os adversários. Estes serão implacáveis já a partir da posse.  

         Michel terá um governo curto. Por isso, deve ser rápido em tudo. Não perder tempo. E deveria fazer não apenas a reforma da previdência, mas também as reformas tributaria, trabalhista e a política. Além de alterar muita coisa na estrutura do serviço público. Extinguir a burocracia informal e o patrimonialismo histórico.

         Enfrentará uma gama de partidos patrimoniais. Os mesmos de Dilma e Lula. Todos esperam tirar proveito; inclusive muita gente do PMDB. Neste momento é que sua liderança, autoridade e governança devem ser pontificadas e exercidas firmemente, acima de partidos e amigos, com foco nos problemas do pais e nos direitos da sociedade, preservando as conquistas constitucionais e patrimônio nacional. É difícil, mas poderá acontecer, doutor Michel Temer. 204 milhões de brasileiros aguardam solução tranqüilizadora.

 

Magno Pires é Membro da Academia Piauiense de Letras, Ex-Secretário de Administração do Piauí, advogado da União(aposentado),  Ex-Presidente da Empresa de Pesquisas Econômicas e Sociais do Estado do Piauí, advogado, bacharel em administração,  Consultor jurídico-empresarial da CIA Antactica (hoje AMBEV) por 32 anos.