A classe média e os pobres foram às ruas reclamar dos serviços públicos oferecidos pelo governo, especialmente transportes urbanos, educação, saúde e segurança; várias outras demandas estavam na pauta. Não havia a reclamação de um objeto único.
            Movimento difuso e disperso no conteúdo. Com ações e metas diferentes de outras insurgências havidas ao longo da história pátria.
            Os participantes não aceitaram a inclusão de partidos políticos empunhando as suas bandeiras. Nem sequer aquelas agremiações que não apóiam o governo e não formam a sua base aliada. Exclusivamente a sociedade, não organizada, quis protestar. Os partidos, de uma forma e de outra, agora ou então, integram um governo. Estão também comprometidos ou são responsáveis pela situação atual do Brasil, com a carência de serviços públicos e políticas públicas de qualidade para a sociedade.
            O movimento excluiu os setores públicos em todos os níveis municipal, estadual e federal, bem como os políticos detentores de mandato da Presidente da República ao vereador. Todos rejeitados pelos organizadores do levante social, que não havia um líder. Acham que todos estão comprometidos com o mal-gerenciamento da administração pública. Querem um novo modelo de gestão e de política. Algo novo que atenda as fortes demandas sociais. O modelo atual de gerenciamento do país exauriu-se. Não produz os efeitos desejados e daí os protestos.
            Os gestores são comprometidos com a má-gestão, com a corrupção e o desvio de recursos públicos. É d’aqui para frente. A renovação geracional e política será o tema da pauta. Ou haverá mudanças ou os protestos continuarão.
            A sociedade irresoluta reclamará constantemente. O movimento, por ter no seu bojo, na sua demanda, várias ações para resolução pela administração pública, requer muito tempo de duração para ser preenchidas. Não se consumará em uma única contestação. Eles poderão ir até o final de 2014 por conta dos eventos das Copas. E serão constantes no movimento pré-eleitoral do próximo ano.
            As copas serão a simbologia da insurreição e jamais o preço das passagens interurbanas. As Copas expõem o país ao mundo. E os movimentos requerem a audiência de todas as nações do planeta para serem bem sucedidas. Justamente porque os eventos das copas integram as nações e as passagens interurbanas são um problema brasileiro, embora envolvam todo o conjunto social.
            Políticos e gestores públicos, certamente os mais alvejados pelo movimento; justamente pela ineficiência de atuação e falta de resultados, mas com a aprovação dos royalties, arquivamento da PEC 37, transformação da corrupção em crime hediondo e encaminhamento de outras pendências legislativas, o movimento começa ter os benefícios atendidos.
 
 
 
Magno Pires é advogado e Membro da Academia Piauiense de Letras – APL.
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