DA JANELA DO 3º ANDAR
DA JANELA DO 3º ANDAR
Magno Pires
Poucos têm muito. Alguns têm muito pouco. E muitos não têm nada. É o desequilíbrio sócio-econômico. A histórica desigualdade social. A falta de distribuição de renda. A concentração das rendas do capital no poder de poucos. É o rentismo financeiro que provoca esse desencontro, essa desarmonia, esse impasse, entre as pessoas, entre as classes. Que provoca a injustiça. Que interrompe a ascensão da maioria que favorece e protege a minoria. Essa equação social, que não fecha, é a responsável pelo distanciamento social e histórico entre os segmentos sociais. Ela não beneficia o cenário para surgimento dos ideais de fraternidade, igualdade e solidariedade tão imprescindíveis à sociedade.
Os desequilíbrios econômicos desapontam o corpo da sociedade. Impedem o crescimento sustentável e igualitário. Produzem constantes injustiças. É uma guerra muda em que as pessoas desaparecem sem que a sociedade perceba. E muitos são elas e serão mais no futuro a persistir esse cenário.
Amplia-se a base sócio-econômica, mas também se aprofundam freneticamente as distorções entre as classes; embora algumas políticas públicas sensatas que diminuem essas fortes desigualdades. Arrefecem o desarmônico panorama perdulário.
Algumas instituições, com benefício fiscal de isenção, tem auxiliado nessa retração benéfica das disparidades. Entretanto, mesmo com incentivo do governo, lastreiam candidaturas a cargos eletivos que deveriam ser proibidas.
Da janela do terceiro andar penso e reflito sobre esse tema social da desigualdade tão difícil de solução. Poucos ajudam. Muitos atropelam. A maioria de pobres padece. E vira angustia e irresolução. Ressurge a ansiedade por respostas insatisfatórias à adequação, que não chega. Emerge a depressão, que sinaliza para uma dança econômica mais suave.
Criam-se instituições nacionais e universais na tentativa de uma solução, mas nada. A situação se agrava. Ressurgem novos obstáculos. O problema sobrevive sem resolução. Há uma clamor planetária pela equação definitiva. Os homens, porém, não se entendem, conversam poucos. Falam demais. As vaidades afloram e suplantam os problemas, deixando uma decisão para depois, terminando por não reatar a conservação. Os confrontos reaparecem.
Da janela reflito aflitamente sobre o tema. E vejo a minha incapacidade e dos que me cercam, embora com boa vontade, de resolver esse gravíssimo problema social que impõe restrições ou impede o alcance a fraternidade e à igualdade entre os homens no planeta. Mesmo assim, não perco meu senso, nem haverei de perdê-lo, porque a minha determinação de enfrentá-lo é maior que qualquer outro desejo.
Magno Pires é advogado da União (aposentado), Membro da Academia Piauiense de Letras – APL, Membro da Associação Nacional dos Escritores - ANE
E-mail: [email protected]
Portal: www.magnopires.com.br (48.300.098 acessos em 68 meses)