DE GETÚLIO, PASSANDO POR SARNEY E LULA, A DILMA
DE GETÚLIO, PASSANDO POR SARNEY E LULA, A DILMA
Persiste a crise política. As lideranças e os liderados não querem resolvê-la. Faltam lideres capazes de unificar o país. E assegurar-lhe estabilidade política. Vivemos uma democracia instável, embora se consolide permanentemente. A instabilidade é uma característica histórica dos regimes democráticos do Brasil e na América Latina. Ela ocorrera nas gestões dos presidentes Juscelino Kubitschek (1965 - 1961), João Goulart (1961 - 1964), Jânio Quadros (31 de janeiro de 1931 – 25 de agosto de 1961), até a ruptura institucional, com o inicio do ciclo dos militares e civis golpistas de 1964; estancando em 1985, com a eleição de Tancredo Neves, tendo como vice José Sarney, prosseguindo com este devido ao falecimento de Tancredo Neves.
Entretanto, antes desses períodos, houve a gestão governista de Getúlio Vargas (1951 - 1954), cujo presidente se suicidou, alegando fortes dificuldades para gerenciar o pais. Também vivenciou forte instabilidade política-econômica-administrativa, mas o Brasil teve avanços grandiosos na indústria, na infraestrutura...
O ciclo militar foi imposto ao país, com privações das liberdades individuais e coletivas, sobressaindo-se a repressão, a censura à imprensa e aos movimentos sociais de base. Após esse período sobreveio a redemocratização, com Sarney (1985 – 1990), Collor de Melo (1990 - 1992), Itamar Franco (1992 - 1995), com FHC (1995 - 2003) e presidente Dilma, que também assegurou a sua reeleição, como FHC e Lula.
Desde Getúlio Vargas, até FHC e agora Dilma Rousseff, excetuando-se Lula e Jk que nas suas gestões o Brasil firmou maior estabilidade política e econômica, com grande crescimento econômico, os demais tiveram conturbações políticas, sociais e econômicas, com instabilidade política, social, pouco crescimento, alto desemprego, inflação elevada, crises nas contas públicas...
Getúlio Vargas suicidou-se; João Goulart viveu crise político-institucional porque as lideranças civis e militares se uniram contra ele até a ruptura em 1964; JK, embora legasse ao país, forte crescimento, teve problemas gravíssimos, inclusive com a construção de Brasília; Jânio Quadros renunciou; Sarney, legou-nos a transição democrática segura, mas viveu inflação altíssima de 84% ao mês, alem de outros graves problemas. Collor de Melo renunciou frente ao impeachment, seqüestrou a poupança; Itamar Franco instituiu o Plano Real estabilizando a moeda; FHC foi tão impopular quanto Dilma por ter apenas 8% de aceitação entre bom e ótimo, instituiu a reeleição, as privatizações enriquecendo inúmeros brasileiros porque prevalecera a corrupção. O ex-presidente Lula legou ao país crescimento de 7,5% ao ano, estabilidade política e econômica, além da consolidação dos programas sociais criados por FHC.
A presidente Dilma Rousseff não difere dos seus antecessores na gestão. Justamente porque os políticos não se desgrudaram dos vícios históricos do patrimonialismo, do fisiologismo, do clientelismo, do assistencialismo, bem como da burocracia patrimonial. Querem tirar proveitos de sua administração, assegurando os mesmos vícios do passado histórico. A presidente resiste. Enquanto os políticos preponderarem e persistirem nesse posicionamento, a crise política se agrava, levando de roldâo a intensidade e o aumento da recessão, com a possibilidade desta se transformar numa gravíssima crise econômica, com efeitos insuportáveis à sociedade. É não adianta propor impeachment da presidente. Qualquer político que substituí-la, enfrentará os mesmos problemas, com o agravamento da crise, recessão, quiçá da instalação de uma crise econômica. Contudo, não obstante esse cenário, as instituições continuam fortes
e o Poder Judiciário exercendo plenamente as suas funções, asseguradas no mandamento constitucional.
Magno Pires é advogado da União (aposentado), Membro da Academia Piauiense de Letras – APL, Ex Secretario de Administração de Estado do Piauí.
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