>DESAFIA CONJUNTURAS E ESTRUTURAS
Em 1994, o então prefeito de Parnaíba, médico Francisco de Assis de Moraes Sousa, deixou o PP – Partido Progressista, ultra conservador, e ingressou no PMDB, por insistência, notadamente do ex-deputado federal e ex-ministro dos Transportes, advogado João Henrique de Almeida Sousa.
O PMDB não tinha e procurava um candidato ao governo. Recorreu ao médico Mão Santa. O deputado Átila Lira, candidato governista pelo PFL, considerado imbatível, e festejado como governador eleito. Popularidade altíssima e índice de 67% nas pesquisas eleitorais. Todos os prefeitos aderiram à campanha de Átila. Exceto Wall Ferraz, líder absoluto em Teresina, e mais uns 3 ou 4 prefeitos.
Mão Santa, porém, com um discurso moderno, forte apelo religioso, crítico irreverente da oligarquia piauiense e das estruturas políticas viciadas desbancou o adversário; impondo-lhe uma derrota contundente e ímpar. Elegeu-se chefe do Executivo piauiense para a tristeza de milhares de governistas.
O seu grupo político era pequeno e insignificante eleitoralmente. Mas, foi determinado, corajoso, coerente politicamente e, sobretudo, audacioso. Exerceu, como nenhum outro líder, sua capacidade de argumentação e de convencimento. E causou surpresa para políticos, especialmente, e em todo o conjunto das forças rivais da sociedade conservadora do estado. O PT, PC do B, PDT estavam aliados ao PMDB.
Entretanto, com a sua desfiliação do PMDB, cuja sigla lhe concedera o mandato de governador em duas oportunidades e o de senador da República, parece-me subestimar esse patrimônio eleitoral. Compreendendo talvez, que a nova agremiação lhe fará resgatar aquela multidão de votos do seu ex-partido. É impossível, creio eu; embora, quando ainda no PMDB, fosse a sua maior liderança partidária. A troca de sigla, com forte capilaridade nacional, por uma de frágil apelo popular, principalmente no Piauí, dificultará reeleição para o Senado e/ou eleição para deputado federal.
No entanto, o senador Mão Santa, é um criador de fatos, gerador de informações, notícias e de situações que propiciam a sua atuante, vigorosa e saudável vida partidária. Desafiador de conjecturas e criador de estratégias que favorecem sua carreira de político vitorioso. Tem acentuada empatia com o eleitorado. O PSC está enaltecido e maior. O PMDB de luto, portanto, com sua saída.
É o senador mais conhecido do Brasil. Usa assíduo e diariamente a TV Senado. Ocupa todos os espaços vazios do Senado. E essa relação Senado e meios de comunicação o projetara nacionalmente. E sempre com o olho na presidência da República. Todos já sabem desse seu desejo. Mantém conversa com os líderes do PSDB e do DEM, seus adversários de então. Fustiga o presidente Lula diuturnamente, com denúncias, certamente, para mim, o seu grande erro. Contudo, como é candidato de oposição, só teria essa saída, embora o eleitorado de Lula e o seu tenham o mesmo perfil socioeconômico, cultural e político.
Deblatera para todo o território nacional que é candidato a presidente da República. Todavia, aceitará ser o vice de José Serra – minimiza. Este não teria outro colega de chapa com a capilaridade eleitoral de Mão Santa. No entanto, o PSC tem pouca projeção. No PMDB, como externou para um amigo do Piauí, não poderia ficar, porque Michel Temer já está escolhido. Por isso, migrou para o PSC onde, imagina, será galgado como vice de José Serra. Como Mão Santa tem realizado o impossível em política, o diabo é quem dúvida dele materializar mais esse sonho, moldando o que construira em 94 no Piauí, viabilizando-se eleitoralmente.