DILMA TERÁ O MESMO DESTINO DE COLLOR?
Deputados e senadores farão o impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT); embora a maioria, sem credibilidade, mas com legitimidade, para fazê-lo. Foram eleitos pelo povo. Muitos dos políticos que votarão pelo impedimento constitucional não têm condições morais, éticas, técnicas, de costumes ou uso social, para votar a favor do procedimento. Estão comprometidos com ilicitudes atuais e passadas; respondem processos no STF, STJ e TSE; além de investigados nas operações dos Ministérios Público Federal e Estaduais, Policia Federal, Receita Federal, e outros órgãos de controle. Avançaram abusivamente nos recursos do contribuinte, desviando-os para outros fins que não o público.
As manifestações de rua são o principal instrumento de acusação e apoio dos deputados e senadores para cassar Dilma. Eles não ficarão contra essas manifestações. Estariam contrariando o desejo do povo, do eleitorado. Eles precisam é do voto. Pois, de quatro em quatro anos, vão também às ruas pedir votos para renovação dos seus mandatos. E, portanto, apoiar Dilma contra o impeachment é estar contra também os 6,3 milhões de brasileiros que foram às ruas, clamando pela saída da Presidente e a prisão do maior líder político popular do Brasil, o ex-presidente Lula. Esses 6,3 milhões de brasileiros que protestam contra Dilma e Lula representam apenas 3,2% da população nacional de 203 milhões. Consequentemente, o maior protesto histórico do Brasil, porém, pequena, se relacionado o comparecimento às manifestação, com o índice populacional brasileiro.
A política nacional é alimentada histórica e preferencialmente por interesses individuais e de grandes corporações empresariais. Raros políticos defendem os interesses do País. A relação do empresário Marcelo Odebrecht comprova essa promiscuidade entre público e privado. Ademais, o Estado brasileiro é patrimonial, familiar, clientelista e fisiológico. E mantém, ainda, inúmeros vícios do estado feudal e escravocrata. Características que não interessam às sucessivas elites gestoras extingui-las da legislação ordinária e constitucional.
A presidente Dilma não tem mais condições políticas, econômicas e social de dirigir o Brasil. Como Collor de Melo, deixou de dialogar firmemente com o Congresso Nacional – Senado e Câmara -, embora filiada a um partido forte – o PT. O que faltava a Collor. O principal partido da base aliada, o PMDB, deixa o governismo e embarca na oposição, juntando-se ao PSDB, PPS, PSB, PR e, provavelmente, ao PSD, PTB, PP, PDT..., podendo ficar apenas com o PC do B e PT. Alto índice de rejeição. Inflação em queda, mas alta. Índice de desemprego altíssimo, com tendência de aumento. 100 mil empresas enceraram suas atividades. 70% da população quer o impeachment. E Lula, em queda , e com graves problemas na Justiça, não tem mais fortes condições políticas, conseqüentemente, com pouca força para ajudar Dilma nesse momento gravíssimo de seu governo. Não renunciará, que realmente não é do seu perfil, mas o impedimento será aprovado mesmo conduzido pelo deputado Eduardo Cunha (PMDB – RJ), sem condições éticas de promovê-lo, com processos de desvio de recursos, lavagem de dinheiro e recebimento de propina na Petrobras e na CEF. Um investigado podendo cassar outra possivelmente investigada. É um contraditório perfeito. Impeachment não é golpe. É previsto na constituição.
Magno Pires é Membro da Academia Piauiense de Letras – APL, Ex-Secretario de Administração do Piauí, Advogado Aposentado da União
E-mail: [email protected]
Portal: www.magnopires.com.br (65.365.952 acessos em 6 anos e 5 meses)