Autentico. Conciliador. Permeável ao dialogo. Hábil. Negociador. Fraterno. Justo. Sem mácula como gestor público. Embora com essa conduta, teve adversários e inimigos; nem poderia deixar de tê-los. Era um político afirmativo. Isso faz a diferença.

         Os políticos, mesmo que reconciliem as atitudes, as condutas, as posições e os gestos, devem ser autênticos. Só assim firmam os seus conceitos. Asseguram as suas decisões. Lucídio Portela era um radical do que pretendia acontecesse, concretizasse, mas jamais fora um inconseqüente, um desvairado. Era pragmático. Por ser objetivo, concreto, afirmativo, em suas atitudes e decisões, nas suas vontades, era incompreendido, taxado de radical e de coronel, por seus adversários políticos. Era isso, enquanto não negociava, não dialogava, não conciliava. Após as conversas e as negociações, entremiadas de sinceridade, brincadeiras e piadas, tornava-se amigo, sem mágoas e sem recalcitrâncias, sem resquícios de rancor, porém, com afeto e harmonia, com amor.

         Lucidio Portela construiu, com seus atos e decisões, uma exemplar historia da política e da gestão pública no Estado. Inédita certamente. Era um obstinado, um atávico, para alcançar os objetivos colimados. Não se intimidava, mas intimidava, era a sua arte, para consegui-los. E ia até o último grau. Agindo sempre com franqueza e forte determinação. Era um encouraçado. Não temia. Era temido por ser sincero, sem inconseqüências. Entretanto, reconciliava, sem mágoas, para atingir o objetivo desejado.

         A fraternidade e a Justiça também se destacam na sua personalidade. Cedia lugar aos irmãos mais novos. Petrônio, era o político articulador nacional, mas Lucidio detinha e articulava os lideres políticos no Piauí. E lhe dava sustentação. Eloy – o caçula – tinha prioridade na porta giratória do BB, onde Lucidio possui conta corrente. Presenciei, por algumas vezes, Lucidio pedindo a Eloy que fosse à frente, passasse à frente na saída e entrada do banco. Ato de grande consideração fraternal. Difícil de se vê. Amabilidade. Os brutos não fazem isso.

         Ferrenho adversário de Alberto Silva. Tinha para ele uma chibata. Entretanto, reconciliados, Lucidio foi vice-governador de Alberto. Exemplo para os políticos.

         Dr. Orquisa, era chefe de gabinete de Mario Andreazza, Ministro do Interior: liga para o governador Lucidio, dizendo que a SUDENE não podia aprovar o projeto da Antarctica para o Estado. Ofereceu casas, saneamento e recursos a fundo perdido... Sem Antarctica, não recebo Andreazza no Piauí, nem Salmito (Superintendente da Sudene) e nem o apoio para Presidente da Republica – aduziu Lucidio. Ele era assim. Antes disso, pediu-me Lucidio que eu deixasse Recife e viesse para Teresina, porque o Ministro, sua assessoria, bem como Salmito e José Lins, queriam me tirar da SUDENE porque eu estava “atrapalhando” tudo. Vim para Teresina. Fiquei uma semana aqui, trabalhando no Palácio de Karnak e articulando com Lucidio o êxito nas negociações para aprovação do empreendimento, com a ligação de Andreazza, assegurando a aprovação do projeto. A determinação, a objetividade e o pragmatismo são as faces de sua personalidade (im) positiva.

Magno Pires é advogado da União (aposentado), Membro da Academia Piauiense de Letras – APL, Ex Secretario de Administração de Estado do Piauí.

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