FHC ESTADISTA
Do ato de congelar em fitas, digamos no calor da hora, aquilo que lhe ficara na mente e na emoção em determinado momento, vem a primeira dimensão de estadista de FHC. É o testemunho de quem “está” lá na Presidência da República, não de quem “esteve”, uma vez que lê-se hoje o que FHC gravou há mais de uma década – é psicologicamente o “passado presentificado”, ou, na mais pura metodologia da filósofa e pensadora Hannah Arendt, trata-se da única perspectiva de sobrevivência humana: a disposição de homens contarem o que vivenciam. A segunda dimensão do estadista reside na coragem de ele pôr tudo isso a público ainda vivo. Elimina assim qualquer perspectiva machadiana de “autor defunto” ou “defunto autor”. Vivo, FHC abre o seu testemunho como protagonista de um momento histórico, dá a cara a críticas, e sozinho. Nem dedicatória esse primeiro tomo tem.
Extraido de materia de Isto é, de 28/10/2015