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\"Fora de campo, estamos com a mão na taça”, diz Parreira

\"Fora de campo, estamos com a mão na taça”, diz Parreira

A Seleção Brasileira já está reunida na Granja Comary, em Teresópolis. E logo no primeiro dia de concentração para a Copa, nessa segunda-feira (26) deu para perceber o discurso de otimismo que norteará a preparação da equipe rumo à conquista do Hexacampeão.

Carlos Alberto Parreira foi o primeiro a falar em nome do time. Veterano em Mundiais, prestes a disputar a quinta edição da competição, o coordenador técnico da Seleção acredita que a equipe sabe como fazer uma preparação sem oba-oba, mas também sem ficar enclausurada e afastada dos torcedores. Segundo ele, isso é mais da metade do caminho para ser campeão e exorcizar a derrota na final da Copa de 1950 no Estádio Maracanã.

“Nós acreditamos mesmo. Já me contaram de tudo o que aconteceu em 1950. Houve intervenção de muita gente, artistas, políticos, torcida. O ‘fora do campo’ não ajudou. A primeira coisa que precisamos fazer é ganhar fora do campo. E não é fácil, envolve muitas coisas: logística, questões operacionais, a formação da equipe. Quando a gente consegue fazer esse trabalho, fica mais fácil. Então já estamos com a mão na taça”, disse Parreira, que deu entrevista coletiva ao lado do auxiliar técnico, Murtosa.

Parreira minimizou a importância da derrota de 1950, já que o Brasil conseguiu conquistar outros cinco títulos depois. Mas também reconheceu que vencer em casa é necessário para exorcizar de uma vez por todas qualquer fantasma que ainda possa assombrar o futebol brasileiro por causa daquela Copa.

“É a oportunidade de ganhar um título que está entalado há 64 anos. Somos a única grande seleção que ainda não tem um título em casa. Já ganhamos bastante, para nós isso está ultrapassado, mas precisamos desta vitória para acabar com essa história”, afirmou o coordenador da Seleção.

Chegada da Seleção Brasileira à Granja Comary

Sobre os treinamentos, Parreira fez questão de explicar que a Seleção não ficará tão fechada para visitantes e torcedores quanto na última Copa, na África do Sul, em 2010, nem tão aberta quanto em 2006, na Alemanha – a preparação foi feita em Weggis, na Suíça. A intenção é dar aos jogadores o maior sossego possível, mas que eles possam sentir o clima de uma competição deste tamanho no Brasil.

“Nós vamos tentar evitar os dois extremos, abertura total e fechamento total. O importante é que treinem com tranquilidade e segurança”, explicou Parreira. “A Granja Comary não tem capacidade para receber duas mil pessoas por dia. Então também é uma questão de segurança não abrir os treinos para todo mundo. Vamos sortear 10, 15 torcedores para vir ver os treinamentos ocasionalmente.”

Apresentação

Os 22 jogadores da Seleção Brasileira que se apresentaram no Rio de Janeiro – Marcelo, do Real Madrid, ganhou mais tempo depois da conquista da Liga dos Campeões no último sábado e só chega na quarta-feira (28)– subiram a serra fluminense num ônibus. Na Granja Comary, foram recepcionados pelo técnico Luiz Felipe Scolari, que já está no local desde domingo (25) com o restante da comissão técnica. Os dois primeiros dias de trabalho estão reservados aos exames médicos.

Já se sabe, no entanto, que nenhum dos atletas apresentou problemas de contusão na chegada. “Felizmente, pelo primeiro contato, já sabemos que ninguém tem problema de lesão. Isso para nós é importantíssimo. Agora, a partir dos exames, a gente vai saber das reais condições deles.”

A Seleção Brasileira treina na Granja Comary sem intervalos até 1º de junho, quando viaja para Goiânia, onde vai fazer um amistoso contra o Panamá, no Serra Dourada, no dia 3. Três dias depois, enfrenta a Sérvia, no Morumbi, em São Paulo. A estreia na Copa do Mundo está marcada para 12 de junho, na Arena Corinthians, contra a Croácia.

Parreira destacou ainda que a equipe estudou seus adversários e estão se preparando para competir com eles. “Temos um analista de desempenho, o Thiago Larghi, e dois observadores técnicos, o Galo e o Roque Júnior, além de termos um programa moderno, inglês, que permite analisar o desempenho dos adversários. E já nos antecipamos em torno do que pode acontecer nessa Copa: além das três seleções que vamos enfrentar na fase de classificação, estamos nos concentrando no momento em torno de mais 13 seleções”.

Favoritismo

A pergunta sobre o favoritismo da Seleção Brasileira surge em todas as Copas do Mundo. Naturalmente que é um assunto obrigatório, afinal, o Brasil, com o título de pentacampeão, é o time que mais venceu a competição.

Agora, no Brasil, na Copa disputada em casa, esse favoritismo pode prejudicar o desempenho da Seleção? A comissão técnica teme que esse favoritismo não vá criar uma pressão exagerada sobre os jogadores?

A pergunta foi feita por uma repórter e respondida por Parreira com outra indagação. 

“Você imagina se a comissão técnica diz para vocês que o Brasil não é favorito? Ia parecer que não temos confiança no time, entre outras coisas. Temos um time com fome de vencer, está com vontade de ganhar essa Copa”, disse o coordenador técnico.

Parreira acrescentou ainda que a Seleção conta com um ambiente muito bom, com toda e melhor estrutura de trabalho posta à disposição pela CBF e ressaltou igualmente o outro lado do favoritismo.

“Favoritismo não ganha jogo muito menos Copa do Mundo se não houver talento e vontade”, concluiu Parreira.

Fonte:
P
ortal da Copa
Confederação Brasileira de Futebol