LIDERES MUNICIPAIS FORTEMENTE CONSERVADORES (I)
Os municípios com maior contingente populacional e eleitoral do Piauí têm lideranças políticas fortemente conservadoras. As ações e os instrumentos de poder obstacularizam o desenvolvimento sócio-político- econômico e cultural. Exatamente porque detêm a maioria dos votantes e todos juntos decidem a eleição estadual majoritária e proporcional. Os maiores responsáveis pelo atraso do Estado porque controlam, como disse, a maioria da votação. Comandam o município com decisões unilaterais e semiditatoriais. Com isso, impedem o surgimento de novos lideres porque se atribuem o direito praticamente inalienável de administrar a unidade sem dar satisfação à sociedade de seus atos, programas, planos e projetos. Estes são colocados de goela abaixo sem dó nem piedade. Não há uma ação democrática.
A Câmara Municipal é uma ficção. Aprova, quase sempre, tudo o que é emanado do prefeito. Raros são os legisladores que se rebelam para não decidir matéria do interesse apenas do Poder Executivo Municipal e que contraria o interesse público.
As perseguições políticas aos adversários são constantes e tamanha que muitos preferem deixar o município e residirem na capital quando não migram para São Paulo. Especialmente os jovens, que cheios de entusiasmo e idealismo, são mascarados pelo poder dos prefeitos. Tolhem, por conseguinte, o que há de mais primoroso no jovem, isto é, liquidam com a sua juventude e adolescência. Eles não podem ter vontade política e desejo de participar, a seu modo, da ação político-partidaria do município. Tudo deve ser ditado pelo autocrático Chefe Municipal. Raríssimos os gestores que deixam os jovens à vontade na opção política e não são molestados.
A vida partidária e administrativa é comandada regularmente pela situação, com os grupos tradicionais e familiares no poder e circunstancialmente pela oposição. Não há terceira via. Apenas dois grupos políticos se alternam na administração política. Governismo, quase sempre, ou sempre, e oposicionismo eventualmente comanda a unidade municipal.
As famílias tradicionais no comando dirigem a sua vida política. Dificilmente é eleito alguém de fora do núcleo familiar. Justamente porque não é de confiança do grupo tradicional e da família.
O desenvolvimento econômico do Piauí não acontece porque esses feudos familiares, que são patrimonialistas e exercem uma forte burocracia de Estado, impõem grandes impasses ao seu crescimento, e para redirecioná-los significa notadamente perda de poder político. E eles não se predispõem a essa mudança. Preferem o atraso feudal familiar
Picos, Oeiras, Piripiri, Barras, Batalha, José de Freitas, Campo Maior, São Raimundo Nonato, Canto do Buriti, Uruçui, Joaquim Pires e Corrente, por exemplo, são governados tradicionalmente pelos mesmos grupos políticos e familiares, com pouca alternância, para grupos políticos diferentes ou contrários.
A mudança dessa matriz é que dará ao Estado e a sua economia desenvolvimento sustentável permanente. E poderá deixar de ser o nono e último estado mais pobre do Nordeste e o vigésimo terceiro, mais miserável, no ranking nacional .