Magno Pires

         A campanha política do ex-prefeito de Parnaíba ao governo do Piauí em 1994, Francisco de Assis Moraes Sousa, criticando o foco das relações políticas do estado, centrado principalmente nas famílias tradicionais, que compõem a sua estrutura geopolítica, rendera-lhe um mandato de governador com direito a reeleição e a cassacão do seu mandato. Foi o preço pago porque quis renovar essa matriz, abstraindo os vícios históricos que impõem o seu atraso sócio-econômico como estado-membro de menor PIB do Nordeste e o vigésimo terceiro do Pais.

         O governador Mão Santa não acolheu no seu governo aquelas velhas figuras políticas do conservadorismo estadual, contudo, pagou por isso, porque  essas  famílias detém um grandioso poder político nos municípios de sua origem e também na capital onde mantém negócios em vários ramos do setor empresarial. Portanto, detentores de poder econômico e financeiro fundamentais ao exercício da política partidária. Entretanto, a sua reaproximação partidária com os representantes da ex-sigla do PFL, após sua cassação, decepcionou ao eleitorado na sua eleição,porque se mantivesse na oposição, seria o maior líder político do Piauí. Justamente porque o ideário de sua campanha, tinha forte semelhança com os movimentos das ruas eclodido em junho/2013. Porém, a impaciência e o resultado imediato, mal de todos os políticos e lideres, prejudicaram sua ascendência e consolidada carreira política. Teve sucesso na sua campanha porque falou em mudança, embora vitorioso em 2º turno, para um candidato fortíssimo, que detinha quase todos os prefeitos do estado a apoiá-lo e com 67% nas pesquisas de opinião pública, enquanto Mão Santa estava com apenas 2% nas intenções de voto. O líder parnaíbano está sem mandato. Pois, nem sequer Parnaíba concedera-lhe o direito de administrá-la como prefeito pela 2ª vez. Mas, o ex-governador Mão Santa é um político vitorioso. Não pode se queixar da vida política.

            Como Mão Santa, o governador Wellington Dias (PT) impunha uma bandeira de mudanças inclusive por conta do partido, de matriz moderna, e com forte apelo popular. Teve apoio do ex-governador Mão Santa na sua eleição. E foi fundamental o apoiamento do líder parnaíbano, exclusivamente, no primeiro mandato. Porque na reeleição, Mão Santa estava no palanque do ex-senador Hugo Napoleão. Recompôs-se com o PFL e os seus lideres. Wellington trouxe para a sua administração todas aquelas velhas figuras do PFL, embora eleito por um partido supostamente de esquerda, que se suponha contrario a esses políticos com perfil conservador  e defensores da relação fortemente patrimonial  do estado com a sociedade. O Piauí  necessita de um choque de modernização político-administrativa para poder desenvolver-se com sustentabilidade. O governador Wilson Martins poderá fazer essa intervenção benéfica ao Estado.

Magno Pires é ex-Secretário de Administração do Estado do Piauí e Membro da Academia Piauiense de Letras – APL.

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