Política

O IMPASSE SÓ ACABA COM O IMPEACHMENT

         O país continuará em profunda crise econômica, com recessão, desemprego em ascensão, inflação alta (fora da meta), juros altos, retração comercial e de investimentos, descontrole nas contas públicas, real desvalorizado em 50%, paralisação das atividades..., enquanto permanecer a crise política do impeachment.
         A solução da crise econômica depende, irremediável e inexoravelmente, da resolução imediata da crise política, com o equilíbrio e a harmonia entre os poderes da República.
         A desesperança da sociedade não acaba, enquanto o impeachment coexistir; por isso, é essencial que o processo tenha andamento rápido no Senado Federal ainda que a aprovação pelo prosseguimento na Câmara Federal dê um prenuncio de alivio político, econômico e jurídico de que a presidente será realmente afastada; embora a instabilidade que o ato represente à historia político-constitucional brasileira, ainda que o rito atenha-se à constituição, à lei  e ao regimento. Era melhor que não  houvesse o afastamento , mas as circunstancias impuseram a realidade do fato ao país, também por pressão social.
         Entretanto, se os senadores, a quem cabe o próximo passo, bem como ao presidente do STF, não tomarem uma decisão rapada à ação do afastamento, agora sob sua tutela, o país terá aprofundado o impasse, mesmo tendo havido a aprovação pelo prosseguimento do impeachment na Câmara.
Foram 367 votos favoráveis, 25 a mais do que o exigido (342), e apenas 137 contra, o que dá o tamanho e a dimensão do desgaste do governo e o desejo dos parlamentares em desalojar a presidente do cargo.
         No Senado Federal, casa revisora, e de maior experiência, mesmo assim, não votará contra o clamor das ruas, os protestos da sociedade e os interesses sociais engajados ou não politicamente; então o andamento poderá ser estritamente técnico-jurídico, num primeiro momento; mas a decisão conclusiva será politicamente pelo afastamento, embora sem a eventual presença, do presidente do STF.
Evidente que o ex-presidente Collor e a presidente Dilma têm perfis políticos e filosóficos adversos, diferentes, com atuação político partidária divergentes na base; mas Dilma, embora o poder do PT, partido forte (o que Collor não dispunha), ainda com grande capilaridade social, a liderança do ex-presidente Lula, poderá renunciar ao cargo no undécimo minuto, para não ser exposta no plenário do Senado no momento do julgamento.
 
Magno Pires é  Membro da Academia Piauiense de Letras – APL, Ex-Secretario de Administração do Piauí, Advogado Aposentado da União
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