Política

Por que os índices são baixos?

*Magno Pires

 

 

 

         O forte entrelaçamento ou núcleo familiar do Piauí repercute, consolida e respalda historicamente a política partidária no Estado, sendo o responsável pelos seus baixíssimos índices educacionais, sociais e econômicos relativamente às demais unidades federadas do Nordeste e do Brasil.

 

         Comparativamente à região Nordeste, o seu PIB – Produto Interno Bruto – está colocado na décima posição entre as dez unidades. E em relação ao Brasil, o vigésimo segundo, ganhando apenas para os estados Rondônia, Tocantins, Acre, Amapá e Roraima.

 

         Profundamente lamentável!!! E brutalmente constrangedor não só para os cidadãos e os gestores públicos, mas notadamente para a classe política, que                                                                                                                       se diz detentora das decisões junto  à União e à classe empresarial nacional que podem carrear recursos para fortalecer a economia estadual.

 

         Do longínquo 1967 até 2013, portanto há 46 anos, praticamente meio século, convivi,  acompanhei e também colaborei com a maioria dos governadores deste estado. Em todos, uns mais e outros menos, o desejo era o de melhorar as condições de vida do piauiense. Porém, a maioria, mais preocupada com os seus interesses pessoais e corporativistas, especialmente das famílias troncos, que com o bem estar sócio-econômico da sociedade. E raros desses líderes defendiam com garra, coragem e determinação os planos, programas e projetos para investimentos. Estavam e estão ainda mais interessados com as ações e metas dirigidas para os municípios onde suas famílias detém o poder político-eleitoral ou para Teresina onde o colégio eleitoral decide a eleição proporcional e/ou majoritária. Nesses dois polos distintos, o político e o eleitoral, porém, interagindo coligados, são contratados os projetos com o objetivo de consolidar mais ainda o entrelaçamento político-familiar ou a árvore genealógica. E enquanto permear esse vicio, o Piauí permanecerá o vigésimo segundo estado mais pobre do Brasil e décimo do Nordeste.

 

         Tanto na esfera do Poder Legislativo, com a eleição dos deputados estaduais, quanto na Federal, com a eleição dos senadores e deputados federais, essa marca conservadora histórica escravocrata. O estado ainda não se libertou dessa característica desenvolvida com as capitanias hereditárias ou dos termos e das prerrogativas da carta constitucional imperial de 1824.

 

         Os prefeitos, na sua imensa maioria, acompanham sempre e rotineiramente senadores, deputados federais e estaduais com ranço familiar e/ou com os repasses de emendas e obras. Estas com apoio do Chefe do Executivo. Justamente por isso que o Piauí não muda, não cresce, não se desenvolve, não melhora os seus índices culturais, sociais e econômicos. O tronco político familiar é o obstáculo intransponível. E defendido ardorasamente pelos políticos.

 

         Mas, os movimentos irreversíveis das ruas, ocorridos em junho, especialmente no Piauí, exercerão uma inflexão enorme e imponderável que removerá esse atraso, frustrando lideres municipais e estaduais, notadamente os prefeitos, que haverão de ter uma posição política diferenciada em 2014 se quiserem continuar lideres, afastando-se do eixo prejudicial familiar.

*Magno Pires