Política

PRESIDENCIÁVEIS COM AS CRISES, AS CRÍTICAS E OS PROBLEMAS DE SEMPRE

PRESIDENCIÁVEIS COM AS CRISES, AS CRÍTICAS E OS PROBLEMAS DE SEMPRE

PRESIDENCIÁVEIS COM AS CRISES, AS CRÍTICAS E OS PROBLEMAS DE SEMPRE

Magno Pires

            Em seu livro Mr. Slong, o fabuloso escritor Monteiro Lobato, já falava, em: inflação, política, corrupção, burocracia, educação e pobreza. Os mais graves problemas brasileiros de sua época. Entretanto, nada comentou sobre segurança, saúde e infraestrutura. Não eram temas recorrentes de então. Embora o País também fosse carente desses equipamentos públicos estruturais. Mas, para Lobato, os acima nominados, em número de seis, fossem os que realmente atormentavam a consciência e a inteligência dos brasileiros. Eram o seu dia-a-dia.

            Ontem, porém, assisti ao debate promovido pelo SBT (Sistema Brasileiro de Televisão) com alguns dos presidenciáveis, sem a presença do concorrente Bolsonaro, que foi esfaqueado por um adversário; por isso, está internado em hospital em São Paulo, para recuperação da saúde, provocado pela punhalada que quase o mata. E, ainda assim, está em primeiro lugar nas pesquisas. Bolsonaro é militar reformado do Exército Nacional. É filiado a um partido nanico. Entretanto, como o ex-presidente Collor de Melo, eleito presidente pelo nanico PRN, poderá também ser eleito o novo presidente do Brasil pelo nanico PSL.

            Quando comecei a ver os argumentos dos candidatos e os seus programas, planos e projetos, ainda que resumidamente, para combater e solucionar os nossos problemas, muitos idênticos aos relatados pelo primoroso Monteiro Lobato, atentei logo para o dado histórico: passados quase 100 anos, os presidenciáveis estavam relatando e nominando os mesmos graves problemas denunciados por Lobato. Em outras palavras: o Brasil andou pouco, ainda que colocado entre as dez economias mais ricas do planeta, produzindo veículos em quatorze montadoras, aviões, submarinos, máquinas e equipamentos...

            E nesses quase cem anos, o País haja saído de uma economia baseada nos grandes latifúndios, com a burguesia e/ou oligarquia rural, com predominância dos coronéis do campo, criando gado, plantando cana e cacau, especialmente, mas também fincado no extrativismo vegetal do babaçu, da cera, do tucum, da maniçoba..., com agricultura de subsistência familiar do arroz, milho e feijão. Era uma nação atrasada.

            Esses problemas denunciados por Lobato e os seus colegas escritores de então ainda incomodam os políticos e gestores nacionais, após cem anos; expõem os presidenciáveis esses problemas históricos crônicos e evidenciam também a sua irresolução e irresignação, com quase os mesmos problemas criticados por Lobato. A falta de resolução no passado e no presente, passa a ser instrumento de ação dos candidatos para, em nova tentativa, resolvê-los, porém, sem contar com a credibilidade do povo, que de tantas promessas, descrê de qualquer potencial de desejo de equacioná-los.

            Mormente, fala-se tanto em saúde, educação e segurança. E esquecem os políticos os outros históricos problemas nacionais: como a desconcentração de renda. Certamente o mais grave problema brasileiro. E a responsável pelo agravamento da forte desigualdade social e da renda entre brasileiros. E os presidenciáveis falam pouco em, pelo menos, minimizar a concentração.

            Os presidenciáveis ficam rebatendo e repetindo esses três problemas, que já dispõem de recursos fixados na Constituição federal. E não exigem as fiscalizações e auditorias, que devem ser permanentes, regidas, para coibir a sua aplicação incorreta; porque são fortes, enormes e constantes os desvios de recursos, sempre denunciados, pela Polícia Federal, Juízes, Promotores e Procuradores, além da imprensa.

            A distribuição da renda, que os governos não promovem, por temor das grandes corporações e dos afortunados, resolveria o mais instigante, angustiante e grave problema nacional: o da desconcentração da renda. Se distribuída a renda, não ficaríamos dependendo de programas sociais, administrados pelo governo, que criam mais distorções e não resolvem a gravidade profunda e crônica dos problemas da sociedade brasileiro.

            Espero, portanto, com o meu otimismo congênito e atávico de nordestino, com o coração cheio de esperança e de fé, que ainda acredita nos homens públicos, que o presidente eleito resolva qualquer que seja ele, de esquerda, de direita e de centro e não fique apenas no denuncismo de campanha eleitoral. Pois, a maioria dos brasileiros não tolera mais as promessas e a irresolução de nossos problemas estruturais graves. E que as crises, as críticas e os problemas de sempre não continuem sendo repetidos no futuro.

A pressão da panela social se agrava constantemente, vai enchendo a cada momento, podendo explodir a qualquer instante, com consequências traumáticas irrecuperáveis e de um custo social incalculável. Que o eleito seja auxiliado pelos outros presidenciáveis na enorme tarefa de administrar o Brasil, que é dificílimo.

           

Magno Pires é membro da Academia Piauiense de Letras, ex-Secretário da Administração do Piauí, ex-consultor jurídico da Companhia Antactica Paulista (Hoje AMBEV) 32 anos. Portal www.magnopires.com.br com 108.440.220 acessos em 9 anos, e-mail: [email protected].